Antes da revolução digital, em meados dos anos 1990, as filmadoras começaram a substituir as câmeras fotográficas no modo caseiro. Nesta época, segundo o diretor Michel Leclerc (“Os Nomes do Amor”), os amantes do cinema resolveram investir em televisão. No longa-metragem “Anos Incríveis” (“Télé Gaucho”), ele retrata jovens lutando por dias melhores.
Na efervescência desse combate, Jean-Lou (Eric Elmosnino), Yasmina (Maïwenn), Victor (Félix Moati), Clara (Sara Forestier) e amigos aproveitaram a chance de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” para fazer uma revolução esquerdista.
Assim, criam uma TV pirata com um programa “Objetos que nos irritam” que traz esquetes extraídas do dia a dia e se comunicam com seus telespectadores. A ideia é ser anarquista e provocativa, e contra as grandes redes de televisão. Um dos focos do grupo é a destruição de Patrícia Gabriel, uma apresentadora de um grande canal que só pensa em agradar a audiência, sem se preocupar com o conteúdo de qualidade. Aqui, ela representa o inimigo e, segundo uma das personagens, é preciso derrotá-la.
Depois de fazer parte do Festival Varilux de Cinema Francês, em maio deste ano, “Anos Incríveis” estreia nesta sexta-feira, 20, nos cinemas
Ao mesmo tempo em que traz a engajada Yasmina, preocupada com a revolução, com os esquerdistas, traz Victor, um rapaz talentoso, apaixonado por cinema, e que vai fazer, juntamente enquanto trabalha na TV pirata, estágio no programa da Patrícia Gabriel. Para fazer o jogo duplo, ele é intimado a afanar produtos da grande rede como moeda de troca de trabalhar para uma subversiva.
Quando tem o primeiro filho com Clara, Victor o batiza de Antoine, em uma óbvia homenagem do diretor, também autor do roteiro, a Antoine Doinel, o alter ego de François Truffaut.
“Anos Incríveis” é uma comédia inteligente e espirituosa, que retrata uma geração que não luta contra o governo, mas contra a comunicação de massa que invade a casa das pessoas sem nada de bom a oferecer.