Memória Cinematográfica

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Chega de Saudade

Curto circuito Nacional 1 abril 2008

Ontem fui assistir, em uma sessão só para convidados e com a presença da diretora Laís Bodanzky e do roteirista Luiz Bolognesi, ao longa-metragem “Chega de Saudade”, que estreou dia 21 de março nos cinemas. Na ocasião, ela disse que demorou quatro anos para mostrar aquela obra na tela: desde a sua concepção até aquela data.

O filme todo, que tem 95 minutos, se passa dentro de um salão de baile para a terceira idade, em São Paulo. A trama começa quando ainda estão começando os preparativos para o início da festa, quando DJ ainda está chegando ao local, depois mostra os primeiros a chegarem, todos dançando aos pares, até que ele fecha e todos vão embora.

A fita mostra a história de alguns personagens, mas de maneira superficial, sem se aprofundar demais. Revela os desejos dessas pessoas, o amor, a traição, a ansiedade, as dores da terceira idade, sempre regado à dança e claro, música, principalmente com Elza Soares nos vocais.

A diretora Laís Bodanzky, a mesma de “O Bicho de Sete Cabeças”, aponta as suas lentes para essas pessoas e revela, com total intimidade, os seus anseios e preocupações. Mostra também, sem censura, as marcas que o tempo deixou naqueles rostos, naquelas mãos. Sinal de maturidade e que o tempo foi bom pra eles.

Do samba ao bolero, passando pelo tango e pelo rock. Os ritmos musicais envolvem os atores que desfilam pelo salão de baile de um lado para o outro. As mulheres (como Betty Farias) cochicham com as amigas que esperam ser tiradas para dançar. Entre os atores conhecidos, Cássia Kiss, Tônia Carrero, Stepan Nercessian, Maria Flor, Paulo Vilhena, Marly Marley.

Como se passa o tempo todo dentro de um único ambiente, Laís, digamos, tirou leite de pedra. Extraiu o máximo de imagens que podia e depois utilizou, muito bem por sinal, tudo na montagem. Ela intercalou as cenas, misturou os casais, criou intrigas. Mas faltou se aprofundar, faltou fazer o espectador se envolver com as personagens de maneira que ele pudesse torcer por um, ou dois ou três.

Mas, pra falar a verdade, quando Elza Soares começou a cantar “Eu sei que eu sou, bonita e gostosa, eu sei você me olha e me quer”, eu já estava balançando as pernas, seguindo o ritmo. Difícil mesmo é assistir ao filme sem ficar mentalizando “dois pra lá, dois pra cá”.

 

PS: “Chega de Saudade”, aliás, é a música de Tom e Vinícius, mas a letra não consta da trilha:

Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela
Não pode ser, diz-lhe numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso Mais sofrer.

Chega de saudade a realidade
É que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca, dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser, milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim…

 

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