É chato às vezes acordar de mau humor de ter de enfrentar coisas inconvenientes por onde você passa. Domingo fui à Mostra de novo, mais precisamente ao Unibanco Arteplex. Minha intenção era assistir a dois filmes. Então, para conciliar os horários, comprei ingresso para ver “Londres Proibida” (“London to Brighton”), que me interessou principalmente por conta do local onde se passa a história. Logo em seguida, já iniciaria a sessão de “Tropa de Elite”, filme que, oficialmente, eu ainda não tinha assistido.
Pois bem, como fiquei fazendo graça no lounge da Mostra, cheguei à sala de projeção após dois minutos do início do primeiro filme. Como a sala um do cinema estava praticamente lotada, optei por me sentar na segunda fila. O único inconveniente era um corrimão bem em frente às legendas eletrônicas.
Ok, filme em inglês britânico, dá pra segurar. Não deu. Mudei de lugar – fui para o lado direito – e melhorou um pouco.
Segunda sessão: corri para a sala nove, no andar de cima. Tive de fazer um pit stop antes de ir pra sala, mas a fila do xixi estava grande demais e cheguei quando estava passando propaganda. Ufa! Mas a sala pequena já estava cheia e, novamente, fui para a segunda fileira. Até aí tudo bem. O problema é que, quando o filme começou, o cidadão que estava ao meu lado começou a se manifestar.
Quem viu “Tropa de Elite” sabe que ele começa com um baile funk. E não é que o carioca ao meu lado resolveu cantar… Eu mereço!
Ontem foi a vez de ir à cabine ver “Leões e Cordeiros”. Confesso que não acordei muito bem (sono demais!), e logo que eu cheguei já veio um me perguntar:
– Tá de mau humor?
– Tô…
Dei um sorriso amarelo e continuei com o papo…
Quando foi o momento de entrar para a sala, sentei logo no meu cantinho favorito: o lado direito da sala do Espaço Unibanco (nunca sei se aquela logo em frente é a um ou a dois), fileira do meio, na poltrona da ponta. A preferência tem suas justificativas: 1- como esta sala do cinema não é do tipo stadium, ou seja, é todo mundo no mesmo andar, sentando na ponta tenho poucas chances de ter uma cabeça chata me atrapalhando; 2- Existe uma grande chance de não se sentar ninguém bem na minha frente (com um cabeção) e também atrás de mim (com o pé chutando); 3- Não fica ninguém me espremendo; 4- Tenho passagem livre para sair logo que acaba, se o filme demorar demais.
O que eu não contava, porém, é que, mesmo tomando todas as precauções para ter uma sessão tranqüila, tivesse um mala, do lado de lá do corredor, mas em uma fileira na mesma direção que a minha, com uma merda de uma lanterna (ou será a luz do celular) ligada durante o tempo todo, fazendo com que a sua iluminação tirasse todo o escurinho do filme.
Bom, como diz o ditado: os incomodados que se retirem. Para não correr o risco de ser rude, aproveitei e mudei de lugar. Fui lá pra frente, onde não havia cabeças ou luzes atrapalhando.
Conversando com outras pessoas, sei que não sou a única a me irritar com esse tipo de coisa. E o pior: houve um alerta.
– No cinema, não existem apenas os nossos amigos. É um lugar público.
Pois é, verdade.
– Numa sessão, tem chato que fala, que chuta, que come pipoca – continuou.
Ai ai ai, depois de pirata e de chatos que falam ao celular, que ligam a lanterna, só faltava a distribuição de pipoca nas cabines pra completar o quadro.