Na Inglaterra dos anos 1920, quando tudo era rígido e cheio de protocolos, uma mulher solteira não era vista com bons olhos nem perante a própria família. E foi justamente para sair de casa e fugir do foco dos fofoqueiros que Kitty, uma mulher da alta classe, aceitou casar-se, às pressas, com Walter, um médico e bacteriologista de poucas palavras, que já estava de viagem marcada para Xangai, na China.
Basicamente é este o começo da história contada no longa-metragem “O Despertar de uma Paixão” (“The Painted Veil”), baseado no romance homônimo escrito por Somerset Maugham, que estréia dia 22.
A fita começa mostrando uma viagem do casal, vivido por Naomi Watts (“King Kong” e “21 Gramas”) e Edward Norton (“O Ilusionista” e “O Clube da Luta”), pelo interior da China. Mas é com cenas em flash back que o diretor John Curran explica como eles foram parar ali, em 1925.
Chegando lá, os dois vivem o começo de casamento, até que Kitty se apaixona por Charles Townsend (Liev Schreiber), um homem casado, mas que está sempre cercado de casos extraconjugais.
Desconfiado do romance da esposa, Walter aceita o trabalho como voluntário em uma vila distante dali, pois os moradores daquele local estão sendo infectados por cólera. Walter se prontifica a ajudá-los a erradicar a epidemia, no entanto, não é fácil lidar com tantas diferenças culturais e com um povo supersticioso.
Daí para frente o longa se torna previsível, com o casal tentando lidar com as diferenças, já que cada um procura a qualidade que não existe no outro. Uma das belezas da fita são as diferenças culturais existentes entre o Ocidente e o Oriente, mas elas são bem retratadas, principalmente na direção de arte e na fotografia. A trilha sonora, vencedora do Globo de Ouro, em 2006, é outro ponto alto.
Norton, que também produziu o filme ao lado de Naomi, consegue representar muito bem o médico sério e sisudo, mas que ao mesmo tempo é benevolente e apaixonado por sua esposa. A química com Naomi, aliás, funciona bem, e ela retrata a mulher à frente do seu tempo, que não se preocupa com rótulos e protocolos, mas que também não gosta de se sentir inútil e faz o bem à comunidade.
Com roteiro escrito por Ron Nyswaner (“Filadélfia”), o longa-metragem se mostra interessante e na medida certa, pois não explora os momentos tristes e nem força o espectador a se lamentar. Outra contribuição excelente é a presença de Toby Jones (atualmente em cartaz no filme “Confidencial”) no elenco.