Hoje em dia, as mulheres têm os seus direitos garantidos pela lei. No entanto, nem sempre foi assim, como bem sabemos pela história. Trabalhar fora era coisa de homem. E depois que elas tiveram que ganhar a vida, ainda assim eram poucos os trabalhos ditos “de mulheres”.
As minas, por exemplo, eram exclusividade dos homens. Depois que elas começaram a conquistar o seu espaço, os machos não gostaram e partiram para o ataque. No novo longa-metragem “Terra Fria” (“North Country”), que estréia nesta sexta-feira, dia 24 de fevereiro, é possível perceber bem esta diferença.
A atriz Charlize Theron, que ganhou o Oscar por sua atuação em “Monster” e uma indicação este ano, vive Josey Aimes, uma moça do nordeste de Minnesota que teve o seu casamento fracassado (apanhava do marido) e precisa cuidar de seus dois filhos. Então, ela volta para a casa dos pais e começa a trabalhar em um salão de cabeleireiros.
Num determinado dia, ela reencontra a amiga Glory (Frances Mcdormand, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), que a incentiva a procurar emprego nas minas de ferro, onde ela mesma trabalha dirigindo caminhão.
No frio de rachar, com neve por todos os lados, Josey vai trabalhar na mina, mas não suporta o tratamento recebido por parte dos homens da empresa, uma vez que eles as tratam como objetos sexuais e o clima não é nada amistoso. Até o seu pai (Richard Jenkins), que também trabalha nas minas, desaprova o trabalho da filha.
Como tem um filho de cada pai, Josey não é respeitada naquela sociedade machista, que a insulta em pleno jogo de hóquei no qual o seu caçula joga. Mas é um ex-jogador e agora advogado, Bill White (Woody Harrelson), que a ajuda na luta em favor de seus direitos.
O drama é dirigido por Niki Caro (“Encantadora de Baleias”) e baseado em fatos reais publicados no livro “Class Action: The Landmark Case That Changed Sexual Harassment Law”, de Clara Bingham e Laura Leedy Gansler.
Com cenas comoventes, que fazem qualquer um pensar sobre as suas atitudes, o filme mostra Josey tentando, durante todos os seus dias de trabalho, lutar por seus direitos e ser respeitada por seus colegas, que inclui Bobby Sharp (Jeremy Renner), homem que, ao longo da fita, vai mostrando o seu caráter e como ele foi parar na vida de Josey.
Sempre de forma retroativa, o filme vai mostrando os fatos enquanto Josey está sentada no tribunal e sendo interrogada pela advogada de defesa da empresa para a qual trabalha. À medida que as perguntas vão se sucedendo, as cenas vão rodando e explicadno como tudo aconteceu.
A personagem Glory, a líder da turma e representante das mulheres no sindicato, faz uma mulher segura, que sabe o que quer e conduz o tratamento que os homens devem receber no trabalho. Ela é exemplo para todas as outras mineiras, até que por motivo de doença é obrigada a se afastar do trabalho.
Também com personalidade forte está Josey, que apesar de tudo o que tem passado (a história vai revelar muito sobre o pai de seu filho mais velho), não desiste de lutar em favor de seus direitos e tenta ser sempre a mãe dedicada, que aplaude o filho, mas dá as palmadas que ele precisa tomar quando perde o rumo.
Alguns personagens, porém, são bastante caricatos, como o filho revoltado, o pai que passa a aceitar o trabalho da filha e a ajuda na questão da ação, a amiga que a apóia e é doente, e o advogado que primeiro nega ajuda, mas volta atrás.
O longa conta a história do primeiro processo dos Estados Unidos a ser movido por assédio sexual. A partir daí, o comportamento dos homens em todas as minas do mundo foi mudado.