Durante a Grande Depressão, após a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, quando os Estados Unidos viveram meses de horror, fome e desemprego, os pais de famílias precisavam lutar contra a fome e manter a família por perto.
Em “A Luta Pela Esperança” (Cinderella Man), filme dirigido por Ron Howard (“Uma Mente Brilhante”), o neozelandês Russell Crowe é Jim Braddock, um lutador de boxe que dribla os problemas sociais em troca de dinheiro para garantir o leite das crianças. Aliás, é esta a promessa feita pelo lutador quando questionado pela imprensa sobre o que ele faria com o dinheiro caso se tornasse campeão mundial.
Proibido de lutar pelos empresários do ramo, Braddock aceita fazer bicos nas docas para garantir o salário e ter os filhos (vividos por Connor Price, Ariel Waller e Patrick Louis) e a esposa Mae (Renée Zellweger) por perto.
Renée, aliás, está ótima como a mulher de Jim e como a mãe que precisa dividir o pão entre todos dentro de casa. Jim Braddock deixa o orgulho de lado e pede auxílio ao governo para sobreviver, além de passar o chapéu entre os antigos empresários de modo a quitar a dívida com a companhia de energia e manter a calefação presente em casa para a sobrevivência dos filhos.
A história é real e profundamente dramática. Impossível não se emocionar com as lutas pela sobrevivência tal como sugere Braddock. Na volta ao ringue, graças a um cancelamento de última hora, o lutador enfrenta o segundo pugilista na disputa pelo título mundial.
Mesmo sem se alimentar direito, já que a fila da sopa nem sempre dava para todos, e com a mão direita quebrada (o lutador aperfeiçoa os golpes com a mão esquerda durante os trabalhos nas docas) ele vira o “Cinderella Man” (sem o sapatinho de cristal) para enfrentar seu pior oponente: Max Baer (Craig Bierko), o campeão mundial dos pesos pesados conhecido por ter matado dois lutadores no ringue.
O empresário/treinador Joe Gould (Paul Giamatti) o ajuda em todos os momentos e, embora tente manter as aparências, Joe também está em uma situação precária e tenta, de qualquer maneira, conseguir a luta para Jim. A última luta, que é um dos momentos de maior tensão do longa-metragem, acontece no dia 13 de junho de 1935, no Madison Square Garden, diante de 35 mil fãs, que o apoiam durante os 15 rounds.
Com cenas de lutas com ringue impecáveis (de fazer inveja ao Rock Balboa dos anos 80), a direção cumpre o que promete, mas não fez sucesso entre os americanos.
Na primeira semana de exibição nos Estados Unidos, há três meses, o longa obteve apenas a quarta posição no ranking de bilheteria (perdeu para “Madagascar”). O motivo mais provável é o fato de esse povo não gostar muito de aprender lições e reviver o passado.