Na tela, Leonardo DiCaprio é Dom Cobb, um especialista em roubar segredos do subconsciente durante o sono. No entanto, com a investigação corporativa, seu desafio é fazer o inverso: inserir uma ideia na cabeça da pessoa.
Rapidamente (e para não fazer o leitor se perder no labirinto de ideias de Nolan), esta é a narrativa do longa escrito e dirigido por ele, também autor de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, uma obra-prima, ainda que se trate de uma história baseada em super-herói, mas que ele conseguiu fazer de maneira audaciosa e agradar tanto o público como a crítica.
Embora a história pareça básica, é o modo de filmar que ganha destaque, bem como a montagem de como o filme é apresentado. Ou seja: o modo não-linear novamente entra em ação fazendo as idas e vindas no tempo, além de mesclar o imaginário com o real.
Durante duas horas e meia, Nolan brinca com o sonho e com a realidade, insere sonho dentro de sonho. E, para colaborar com a loucura do especialista e de seu contratante, o empresário japonês (Ken Watanabe), entram em ação uma arquiteta (Ellen Page), responsável por desenhar os sonhos e deixá-los, de certo modo, arrumados demais; a ex-mulher de Cobb (Marion Cotillard, ótima!); o professor e sogro do protagonista (Michael Caine); seu parceiro (Joseph Gordon-Levitt, de “(500) Dias Com Ela”), responsável pelos detalhes técnicos, juntamente com o falsário (Tom Hardy); o alvo, ou seja, o rapaz que terá sua mente vasculhada (Cillan Murphy).
E com a premissa de que é possível fabricar sonhos (e para isso o protagonista prova que já fez antes), as cenas vão se misturando. No meio do thriller ainda há um melodrama, que mistura o romance do protagonista com a esposa, mas até que se justifica no contexto.
O filme não para. O thriller finaliza um acontecimento e, depois do clímax, já tem outro desenvolvimento para instigar ainda mais o espectador. Além das cenas de ação, a fita explora o lado psicológico das personagens, fazendo-as bem construídas, de modo que o espectador se importe e torça por elas.
Assim como em “Batman”, em “A Origem” tudo é superlativo. Além de filmagens em estúdio, a fita se passa em locações no Marrocos, no Canadá, no Japão, na França, nos Estados Unidos. A cena dos prédios concebidos por Georges-Eugène Haussmann, em Paris, sendo virados ao contrário, é incrível.
Para completar, a trilha sonora tem a assinatura de Hans Zimmer (“Sherlock Holmes”), que escalou a guitarra tocada por Johnny Marr, do The Smiths, e Edith Piaf, que entra toda vez que alguém vai sonhar.
Da junção de roteiro inteligente com direção precisa, montagem ágil, efeitos especiais no ponto, elenco perfeito, trilha envolvente não pode restar dúvida de que se trata, sim, de um dos melhores filmes de todos os tempos.
As bilheterias norte-americanas confirmam: “A Origem” fechou o terceiro final de semana seguido em primeiro lugar desde a sua estreia e já soma US$ 193,4 milhões de arrecadação. Aos mais detalhistas, a fita, que será lançada nesta sexta-feira, 6 de agosto, poderá ser vista também na versão Imax, que é, inclusive, o modo como eu vi (não confunda com 3D). Vale a pena disputar um ingresso na única sala com tela gigante, cristalina e som de primeira que temos em São Paulo, no Shopping Bourbon Pompéia.