Memória Cinematográfica

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Mostra de Cinema: o tormento dos cinéfilos

Coisas da vida Mostra Tarantino 23 outubro 2007

Só se fala na Mostra. Ou melhor: quem ama cinema (ou trabalha com ele) está completamente ocupado nesta semana por conta da 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. É assim todo ano. Quando chega outubro, os cinéfilos de plantão correm para ver quantos filmes forem possíveis.

No final de setembro, escrevi em minha coluna no Guia da Semana sobre o que se poderia esperar do evento, quantos filmes seriam, como selecionar qual ver primeiros, essas coisas. É claro que fica impossível assistir aos 461 filmes que estão programados, então o jeito e selecionar. O início foi na sexta, dia 19, e de lá pra cá tenho feito uma maratona para tentar dar conta de algumas produções.

Então, na manhã de sexta, assisti ao filme selecionado para abrir o evento: “O Passado”. Mas como ele estréia na sexta, dia 26, não vou falar dele agora.

No sábado, foi a vez de ver “Déficit”, um filme, como o próprio nome diz, deficiente, dirigido e protagonizado pelo ator mexicano Gael Garcia Bernal. O mais engraçado de tudo é que logo após a exibição do filme, na Faap, o ator participou de um debate com os presentes. O engraçado não foi a sua participação, mas o acúmulo de fãs do lado de fora da Fundação pedindo para a segurança abrir os portões, mesmo sabendo que já não havia mais ingressos.

Bom, o filme é ruim, conta uma história adolescente, é vazio, não acrescenta nada. Talvez seha um bom treino para a primeira obra. Gael é um ótimo ator (isso é preciso dizer) e contrariou a minha percepção durante a coletiva para a imprensa de sexta: além de charmoso, Gael é simpático, sim. E tratou todos com respeito, embora tenha dado alguma resposta meio atravessada.

Já no domingo, fui assistir a quatro filmes. O primeiro de todos, “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, deve estrear no circuito em novembro. É o cúmulo do trash (não acredito que madruguei para ver isso!), mas, claro, tem o seu público. Um colega me disse, nas cenas nojentas:

-Pensa que é apenas uma gelatina.
-O problema é que o meu estômago não entende.

Em seguida, com cinco minutos de intervalo, “À Prova de Morte”, de Quentin Tarantino. O diretor, aliás, faz uma ponta nesses dois filmes (que no exterior foi compilado em uma única película (e se chama “Grindhouse”). Bem à cara de Tarantino, o filme tem seqüências longas sem cortes e muita ação. Há quem diga que é uma brincadeira do diretor, já que ele é capaz de fazer coisas muito melhores. Bom, eu gostei (principalmente se comparado com o horror visto na sessão anterior). E quem não tiver tempo de ver na Mostra, pode ficar tranqüilo: o filme deve estrear no início de 2008.

À noite, para balancear, fui ver “Em Paris”, de Christophe Honoré. Produção francesa lançado em 2006 e que recebeu indicação ao Cesar no início deste ano. As seqüências externas, que mostram a cidade, dão conta de apresentar um pouco da capital francesa. E dar saudade daquelas paisagens. Bem à moda francesa, o longa é intimista, conta uma história sobre uma separação e é narrada em primeira pessoa por um outro personagem, o irmão deste que está desolado.

Para finalizar a maratona do dia, o quarto filme foi “Lady Chatterley”, de Pascale Ferran. A fita também é produção francesa e foi nomeada a oito Césars, dos quais levou 5. O romance é baseado em livro homônimo e tem quase três horas de projeção. Mesmo longo (o que chega a dar um pouco de cansaço, principalmente após ver muitos filmes no mesmo dia), o filme é lindo, conta uma história de amor entre a madame e o guarda-caça, os diálogos são bem-construídos e apresenta imagens belíssimas do campo no interior da França.

E este foi apenas o primeiro final de semana da Mostra. Ainda tem muito mais até o dia 1º de novembro.

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