Eu tinha feito tudo certo quando decidi ir à noite de estreia do filme “2012” naquela sexta-feira, 13. Ou pelo menos achei que tivesse feito. Comprei o ingresso antecipadamente pela internet e só fui para o cinema no horário do filme. Logo de cara, acertei uma vez e errei outra. Isso porque, ao chegar, demorei para encontrar vaga no estacionamento, de maneira que, quando cheguei na porta do cinema, as pessoas já haviam entrado na sala. Sorte que eu já estava com o ingresso nas mãos, porque não dava para saber onde era o fim da fila.
Pois bem. Peguei a minha garrafinha d’água e fui para a sala. Tentei ser rápida ao escolher o assento, mas as luzes se apagaram três minutos antes do horário marcado e, até então, todos os assentos que eu escolhia, estavam guardados por alguém que esperava a pessoa voltar da fila da pipoca.
Quando ficou tudo escuro, não titubeei e me sentei na primeira fileira do canto direito formada por poltronas duplas. As propagandas começaram, depois foi a vez dos trailers e, enquanto isso, não parava de entrar gente perdido na sala à procura daquele que estava ali para segurar o assento. Uma menina sentou-se ao meu lado e me perguntou qual era o número da sala em que estávamos. Confirmei e ela veio com outra pergunta:
– É o filme do Michael Jackson, né?
Tive pena, pois ela não sabia se saía correndo em direção a outra sala ou se comia o seu lanche que já estava na metade.
Treze minutos depois começou o filme. E o entra e sai de pessoas não parou. Aliás, durante as duas horas e tanto de duração da fita, pasme!, tinha gente entrando e saindo da sala: eram os adolescentes que só andam em bando até para ir ao banheiro, comprar pipoca, ligar para o pai; era a mãe saindo para comprar algo para o filho; era gente desistindo de saber o final do filme e deixando a sessão para trás.
Depios desta sessão de cinema, comprovei uma tese importante, pois descobri que as pessoas não vão ao cinema para assistir ao filme. Elas vão para bater papo e comer pipoca (depois de ficar na fila, claro). É impressionante como a maioria pensa que está na sala de estar de casa com os amigos e fica falando sobre o que está achando do filme, quem está ligando, o tempo que demorou para convencer o pai a deixá-la ir ao cinema e assim por diante.
Outra coisa que as pessoas vão fazer no cinema é entrar e sair da sala e falar ao celular. Enquanto o filme está na tela, claro. Elas parecem não se importar com as cenas (concordo que o filme não era lá mil maravilhas, mas já que está lá, pagou para estar lá, sente e assista, certo?). Não, errado. Bom mesmo é descer as escadas correndo e conversando com a amiga, voltar gargalhando (mesmo que o filme não tenha graça nenhuma), chamando a atenção sem parar.
Descobri que o inconveniente da primeira fileira não é apenas a (pequena) distância entre você e a tela, a dor no pescoço ao ficar olhando para cima etc. O problema da primeira fileira é que ela fica próxima à saída (pelo menos nesta sala onde eu estava). E o entra e sai das pessoas, embora elas não percebam, incomoda.
Apesar dos transtornos e do zum-zum-zum dos sem-educação, ir ao cinema continua sendo uma experiência incrível! Porém, cinema em noite de estreia é um programa que vai demorar para me pegar novamente. Mesmo que o ingresso já esteja garantido.