Memória Cinematográfica

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Falando Grego

Estreia 11 setembro 2009

Nia Vardalos fez sucesso quando estreou seu filme “Casamento Grego”, em 2002, que também escreveu e fala sobre os costumes gregos, principalmente com o contato de outras pessoas nos Estados Unidos.

Desta vez ela volta ao cinema com outro filme sobre os costumes gregos: “Falando Grego” (“My Life in Ruins”). Embora o título em português não tenha nada a ver com o original, que, em uma tradução livre seria algo como “Minha vida em ruínas”, trata-se de um longa-metragem que se passa na Grécia, e a protagonista, Georgia, é uma guia de turismo americana, de origem grega, formada em história clássica, que adora levar seu grupo com turistas às ruínas (e tudo o que cheira história naquele país), embora a maioria só quer mesmo aproveitar as belas praias e ilhas gregas, além de querer comprar souvenires.

A graça do longa que estreia nos cinemas nesta sexta, dia 11, está no timing de comédia de Nia, além dos clichês que ela utiliza para fazer o público rir, como quando se refere aos turistas com estereótipos, como os arrogantes norte-americanos, os bêbados australianos, os bem-educados canadenses (ela, aliás, é canadense, de Winnipeg).

A bordo do ônibus velho de Poupi (Alexis Georgoulis), um cabeludo e barbudo por quem Geórgia não tem o menor interesse (embora ela não tenha um relacionamento há mais de um século!), com o ar-condicionado que não funciona (e sob o calor do verão grego), hotéis caindo aos pedaços, os turistas dos mais variados tipos (mas todos clichês) vão conhecer Delfos, Olímpia e Atenas.

Entre eles, o casal de velhinhos cuja mulher é cleptomaníaca, as espanholas recém-separadas, os australianos que só pensam em beber, a família mal-humorada com a filha adolescente idem, o jovem americano que está procurando a futura namorada, o americano que não larga de seu celular e Irv Gordon (Richard Dreyfuss), um sujeito que começa a mostrar sua personalidade e logo se torna o ídolo da turma. Ele, aliás, é um dos destaques da fita, pois é o ponto de equilíbrio da comédia e utiliza suas palavras de sabedoria (adquiridas por sua vivência) para o bem do grupo e da guia, que está desolada com o seu trabalho e olhando para fora, afim de conseguir outro emprego, mas desta vez como professora de história.

Dirigido por Donald Petrie (o mesmo de “Como Perder um Homem em 10 Dias”, “Miss Simpatia”), o longa tem o roteiro de Mike Reiss, que até então só havia escrito para a televisão. Os dois, aliás, aproveitam para incluir a diversidade de clichês da cultura grega, como a música, a dança (incluindo cenas do filme “Zorba, o Grego”), o excesso de café que consomem e cartões-postais, como a Acrópole, o Partenon, entre outros locais da Grécia antiga. Nia Vardalos comenta, no material de divulgação para a imprensa, que “ninguém nunca havia recebido permissão para filmar na Acrópole”. E completa: “Eu fico simplesmente admirada quando vejo onde estou. Eu tenho muita sorte, nós temos muita sorte”.

A fita discute a superficialidade dos turistas, sobre a falta de interesse em relação à história do local que estão visitando, e valorizar as compras, a comida que vem de fora. Uma cena engraçadíssima (e bastante crítica) é uma na qual a guia traduz para o inglês o que o comerciante grego diz. E tiram sarro da tranquilidade como resolvem os percalços: quando algo não dá certo, dançam; quando vão comemorar algo, dançam. E na trilha sonora: música grega.

“Falando Grego” é uma comédia romântica com roteiro previsível. Porém, em cada momento é possível aproveitar e curtir o senso de humor de Nia Vardalos, que recentemente protagonizou o longa-metragem “Eu Odeio o Dia dos Namorados”, os dizeres sábios do personagem de Richard Dreyfuss, além, é claro da cultura grega. E, como ninguém é de ferro, as lindas paisagens pelas quais a câmera de Petrie passa. Sem dúvida, vale o ingresso.

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