Memória Cinematográfica

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Transcendence – A Revolução

Johnny Depp já se fantasiou de muitas maneiras. Se isso não era a regra quando ele fez “Edward Mãos de Tesoura” (1990), ficou quase obrigatório na última década com o Jack Sparrow da série “Piratas do Caribe” (2003, 2006, 2007 e 2011) e outros papéis como o Chapeleiro Maluco em “Alice no País das Maravilhas (2010), o vampiro Barnabas Collins de “Sombras da Noite” (2012) e o índio Tonto, em “O Cavaleiro Solitário” (2013).

Mas em Transcendence – A Revolução” (“Transcendence”), que estreia dia 19 de junho, Depp é (a princípio) apenas Will Caster, um simples mas notável pesquisador de inteligência artificial. E sem fantasia, o ator pode até passar despercebido aos olhos da plateia  – principalmente porque sua performance não é lá grande coisa.

Na trama, o cientista trabalha na criação de um computador capaz de combinar a inteligência de tudo o que existe com as possibilidades de emoções humanas. Embora sua intenção seja melhorar a vida das pessoas, membros de um movimento extremista antitecnologia atacam Craster e tentam destruir sua pesquisa. Só que o tiro sai pela culatra: a consciência de Will Caster vai parar no computador e, com a ajuda de sua mulher, Evelyn (Rebecca Hall, de “Vicky Cristina Barcelona“), e seu melhor amigo, Max Waters (Paul Bettany, de “Uma Mente Brilhante”), ele consegue a tal “transcendência”. A questão é que, com o poder nas mãos, fica difícil detê-lo.

Problema também em outros filmes de ficção científica, o longa explica demais o que está acontecendo, e as entrelinhas servem para aproximar o espectador daquilo que ele está vendo na tela. O longa é dirigido por Wally Pfister, em sua estreia na função. Antes, Pfister assinou a direção de fotografia de “A Origem“, de Christopher Nolan – que é produtor executivo de Transcendence – e venceu o Oscar na categoria.

Sob a batuta de Pfister, o complicado processo de upload pelo qual a mente do protagonista passa é entediante. Diferentemente do longa-metragem Ela, de Spike Jonze, em que o personagem fala o tempo inteiro com uma máquina, não há um envolvimento nem empatia com o espectador, que fica dividido e não sabe para quem torcer. O grupo contra a integração homem-máquina, liderado por Bree (Kate Mara, a jornalista de “House of Cards”), até toma conta do problema, mas (ao contrário de outras coisas) nunca chega a ser explicada a história por trás da sua aversão.

Nos Estados Unidos, o filme estreou em abril e rendeu pouco mais de US$ 10 milhões no fim de semana de abertura. Valor ínfimo perto do orçamento de US$ 100 milhões.

Texto originalmente publicado na GQ.

 

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