Memória Cinematográfica

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Diretor e elenco falam sobre “Budapeste”

Entrevista Estreia Nacional 15 maio 2009

Em São Paulo para divulgar o lançamento do longa-metragem “Budapeste”, elenco, produção e direção falaram à imprensa sobre como nasceu o filme e como foram as filmagens que aconteceram no Brasil e na Hungria, sendo lá durante quatro semanas. Depois de ler o livro no qual o filme é baseado e escrito por Chico Buarque, a roteirista e produtora Rita Buzzar ficou com vontade de adaptá-lo ao cinema. Como já tinha experiência anterior, já que fez o mesmo com “Olga“, de Fernando Morais, ela procurou o autor. “Demorou, porque Chico tinha dúvidas [sobre a adaptação].”

“Budapeste” conta a história do ghost-writer Costa (Leonardo Medeiros) que se apaixona pelo idioma húngaro. De volta ao Rio, ele encontra sua mulher Vanda (Giovanna Antonelli) e seu filho, mas o casamento se deteriora. Depois de ler um livro que narra as aventuras amorosas de um alemão, Kaspar Krabbe (Antonie Kamerling), no Brasil, Vanda se apaixona pelo autor, mas pensa ser o alemão. Então, Costa se sente traído e foge para Budapeste, onde conhece Kriska (Gabriella Hármoni). Por achar o húngaro uma língua poética, ele começa a carreira como ghost-writer de suas poesias.

Segundo Rita, há elementos no filme que não existem no livro, como a estátua do escritor anônimo, o barman que sobreviveu aos russos, os sonhos do protagonista. “Chico leu duas vezes o roteiro integralmente antes de filmarmos”, completa.

Para a direção, foi convidado Walter Carvalho, que tinha experiência como diretor de fotografia em filmes como “Central do Brasil”, “Carandiru”, além de ter dirigido “Cazuza – O Tempo não Para”. “Foi uma epifania [filmar em dois países]. Lá só se fala húngaro e poucos falam inglês ou francês. O assistente de direção Rafa Salgado dava ordens, mas logo conquistou as pessoas ao seu redor. Nos falaram que mudamos ou o jeito de filmar, pois aprendemos húngaro e eles, português”, completa Walter. “Isso é interessante, porque o livro trata dessa mistura do idioma”, acrescenta Rita.

Se no filme temos a impressão que o protagonista domina o idioma, durante entrevista ele confessa que não aprendeu nada. “Quando comecei a estudar, três meses antes de começar a filmar, percebi que nunca ia aprender húngaro na vida. Me propus a fazer um mergulho nas falas dos personagens e por isso eu tinha um alfabeto fonético”, completa, brincando que também nunca aprendeu “carioquês”.

Também na entrevista coletiva, a atriz húngara Gabriella Hármoni diz que conhecia um pouco do cinema brasileiro (ela assistiu ao “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles). Atualmente, o que mais chega do Brasil em seu país são os programas de televisão e as novelas. Ela conta também que havia lido o livro um ano antes. “Eu li e gostei, mas não fez sucesso porque há muitos clichês sobre a Hungria.” Se ao mesmo tempo em que ela diz ter orgulho de ser húngara porque, entre outras coisas, é um povo cauteloso e que dificilmente aceita algo de imediato, ela conta que não sabe o que a fez aceitar o convite para o filme. “Mas não estou preocupada no momento com a carreira internacional”, conclui. Ela afirma que trabalhar com o Walter foi fácil, mas como recebia as ordens traduzidas, procurava entender a partir de seu olhar e pela musicalidade das palavras.

Frescor da cena

Ao chegar em Budapeste, foi pedido que Leonardo Medeiros não saísse muito do hotel antes de começar a filmar. Isso porque o diretor queria que seu primeiro contato com a cidade fosse o mais real possível. Assim, ele só conheceu a atriz no momento em que se viram dentro de uma livraria. “Parece que existe uma mística em relação a este encontro, mas como o Waltinho queria fazer, me propus. Vi o filme hoje e não sei se as pessoas sentem o mesmo, mas é uma sensação de liberdade.” E o diretor reintera: “Fizemos a cena três vezes e a que está no filme é a primeira.” Gabriela diz não se importar com o filmar de improviso ou não. “Tentei levar a sério a história do frescor e não procurei a foto do Leonardo na internet”, diz ela.

No Brasil, serão 80 cópias e a estreia está marcada para o dia 22 de maio. Na Hungria e em Portugal, países que contribuíram com o orçamento de R$ 6 milhões, sendo que R$ 3,8 milhões saíram do Brasil, a previsão é que estreie no segundo semestre.

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