Quentin Tarantino não brinca em serviço. Depois que mostrou ao mundo “Pulp Fiction – Tempo de Violência” (1994), não se contentou e fez “Kill Bill”, volumes um e dois, respectivamente em 2003 e 2004. Embora esses últimos tenham alguns fãs, não se trata de unanimidade quando o assunto é a idolatria ao diretor que chegou para quebrar a linearidade dos roteiros, além de utilizar a violência de forma estética inovadora, mostrando, também, que se trata de uma bizarrice sem noção.
Vale lembrar de “À Prova de Morte” (2007), que ainda não foi lançado oficialmente no Brasil, mas foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo daquele ano ao lado de “Planeta Terror“, de Robert Rodriguez, filme capaz de mostrar essas características.
Tarantino viria ao Brasil para a divulgação de seu novo longa-metragem, “Bastardos Inglórios” (“Inglorious Bastards”), mas cancelou a viagem à última hora por se sentir cansado. Não é porque o diretor não veio que se deve deixar de lado a sua obra. A fita é uma obra-prima. Possui suas características principais, fazendo coro à forma como faz seus filmes, já que também é autor do roteiro. No longa, o espectador vai encontrar diálogos hilários, momentos históricos tristes, fantasia, sangue e morte nas quais muitas vezes não é possível encarar a tela do cinema.
O filme se passa a partir de 1941, ou seja, durante a II Guerra Mundial, em uma França ocupada pela Alemanha nazista, em busca de fugitivos judeus que se escondiam em casas de campo. Assim, até parece que você já viu esse filme. Mas como Tarantino não é um diretor convencional, ele tratou de mudar tudo e começou a contar a sua história dividindo a fita em capítulos. Eis, portanto, que se inicia com “Capítulo 1 – Era uma vez…”.
Depois de ver sua família ser assassinada sob o comando do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz), Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent) vai para Paris e, com um documento falso, assume a direção de um cinema. Lá, conhece um soldado alemão que quer fazer ali a avant-première de seu filme sobre a morte de milhares de judeus.
Em outra situação, no “Capítulo 2 –Bastardos Inglórios”, está o tenente Aldo Raine (Brad Pitt), que quer unir os judeus para fazer com os nazistas o que eles fazem com seu povo, ou seja: dar o troco na mesma moeda. Do interior dos Estados Unidos e com sotaque bastante evidente, Aldo e seu grupo, que é chamado de “os Bastardos”, se une à atriz alemã Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) para derrubar os líderes do Terceiro Reich.
Em outra situação, no “Capítulo 2 – Bastardos Inglórios”, está o tenente Aldo Raine (Brad Pitt), que quer unir os judeus para fazer com os nazistas o que eles fazem com seu povo, ou seja: dar o troco na mesma moeda. Do interior dos Estados Unidos e com forte sotaque, Aldo e seu grupo, que é chamado de “os Bastardos”, se une à atriz alemã (Diane Kruger) para derrubar os líderes do Terceiro Reich.
Ainda há o “Capítulo 3 – Noite Alemã em Paris”, em 1944, e o “Capítulo 4 – Operação Kino”, até que, de uma maneira que só Tarantino poderia fazer, todos esses personagens se encontram e, voilà: dá-se o clímax. É no “Capítulo 5″ que acontece a première. O galã Brad Pitt faz um personagem caricato, cheio de trejeitos estranhos. Mélanie Laurent merece destaque, pois consegue transmitir sua ira com relação aos nazistas de um jeito meigo e sedutor.
Quem se destaca, porém, é Christoph Waltz, que também faz um personagem caricato, pronuncia diálogos em francês, inglês e alemão com tom de deboche e muita ironia na maior parte do filme. O roteiro, claro, possui personagens reais, mas são os fictícios que entusiasmam o espectador, principalmente porque são eles que têm todo o sabor da fantasia proposta por Quentin Tarantino. Uma fábula que mistura o real e o irreal, que ninguém poderia contar melhor que o próprio diretor.
“Bastardos Inglórios” é um filme imperdível, que deve estar na lista de todo cinéfilo que se preze.