Não precisava, mas no início do longa-metragem “As Torres Gêmeas” (“World Trade Center”), estréia desta sexta-feira, dia 29 de setembro, aparece a data em que aconteceram aquelas cenas: 11 de setembro de 2001. O dia ficou marcado na história mundial como um dos principais e mais dolorosos ataques terroristas.
O enredo é acerca da visão de dois policiais sobreviventes retirados debaixo dos escombros mais de 12 horas após o desmoronamento do World Trade Center.
O diretor Oliver Stone, um ufanista que também dirigiu “Platoon” e “Nascido Em 4 De Julho”, começa o filme apresentando os seus personagens e contando a história do sargento John McLoughlin (Nicolas Cage) e do policial do Departamento da Polícia Portuária Will Jimeno (Michael Pena). Os dois foram trabalhar como se fosse um dia comum. E não era.
As cenas começam a se misturar quando os ataques são mostrados pela televisão. Enquanto andam pelas ruas de Manhattan, os policiais ouvem barulhos estranhos, vêem explosões no alto do prédio, mas caem na real quando percebem que se trata de um choque de um avião contra uma das Torres Gêmeas. A partir daí, os policiais entram no prédio para salvar os possíveis sobreviventes.
O segundo ataque veio pouco tempo depois e, para surpresa dos policiais, entre eles McLoughlin e Jimeno, a segunda torre começa a desmoronar. Então, o longa muda um pouco. As cenas se misturam entre flashbacks e atuais, mostram os dois policiais com suas famílias. O enfoque ganha mais peso quando aparece a esposa de Jimeno, Allison (Maggie Gyllenhaal), grávida e ansiosa pela volta do marido.
Já a família de McLoughlin ganha foco com os filhos, como o aniversariante, que espera o pai para ir assistir a um jogo no estádio. A sua esposa, Donna (Maria Bello), está aguardando a volta do marido, pois acredita não ter dado importância ao amor dos dois.
Com roteiro da estreante Andrea Berloff, o longa é sentimental demais, já que se trata de um episódio que influenciou a história americana e mundial. Os policiais representam a solidariedade norte-americana um pouco artificialmente, mas ao mesmo tempo trata-se de uma homenagem a todos os que participaram no trágico dia.
Embora as histórias sejam baseadas em fatos, não é um documentário, de modo que algumas cenas podem ter surgido do ponto de vista de Oliver Stone.
O cenário do desenhista de produção Jan Roelfs (“Alexandre“) traz ainda mais realidade à película, pois ele conseguiu remontar o local com o apoio de fotografias da época, bem como com o auxílio dos sobreviventes, que ajudaram a mostrar como os escombros estavam dispostos e como eles conseguiram sair de lá com a ajuda de bombeiros e paramédicos.
Durante boa parte do filme, as imagens são escuras e mostram a partir de quando eles estão embaixo dos escombros. O espectador, no entanto, se comove com o que está acontecendo, principalmente por se tratar de fatos reais.
A manipulação do enredo aumenta quando Jimeno pede para ter a perna amputada para sair dos escombros porque seu companheiro está sofrendo e com muita sede. Nicolas Cage é um policial sereno, que ama sua família e precisou dar as ordens no momento em que os ataques recomeçaram (eles se esconderam no poço de um dos elevadores).
Michael Pena, que atuou em “Crash – No Limite“, aposta na solidariedade ao aceitar ajudar as vítimas, mas é com bom humor que ele resiste o tempo de espera do resgate.
O público não pode perder um filme com relatos reais do que aconteceu no fatídico 11 de setembro (embora os noticiários da época tenham divulgado diversas cenas em tempo real), mas ao mesmo tempo o ufanismo americano irrita, principalmente quando se tem um presidente como George W. Bush.
O que resta, após cenas de tensão e angústia, é a esperança de ver outras histórias retratadas, como a de familiares que ficaram esperando a volta de pessoas que nunca aconteceu, o dia-a-dia das pessoas que movimentavam o World Trade Center, e outras tragédias que acontecem todos os dias, no mundo todo.