Com a nítida proposta de fazer propaganda para o mundo do Brasil e, principalmente, do Rio de Janeiro, em 2011 o diretor Carlos Saldanha lançou “Rio”, longa-metragem de animação sobre duas ararinhas azuis que se encontraram depois de o macho ter sido levado para os Estados Unidos.
Um dos diretores de “A Era do Gelo” e “A Era do Gelo 3”, Saldanha fez um belíssimo filme, colorido, com a cara de sua terra natal, cheio de samba e bossa nova. Na ocasião do lançamento, o longa ficou em primeiro lugar na bilheteria em pelo menos três semanas seguidas.
A fita tratava das belezas brasileiras, mas com ênfase no tráfico de animais e sem se esquecer da alegria do povo e das belezas naturais. Em ano de Copa do Mundo no Brasil, o realizador aproveita para surfar nesta onda e traz “Rio 2”, longa-metragem que entra em cartaz nesta, quinta, 27, em 1271 salas.
Embora o filme se chame “Rio 2”, o enredo se passa bem longe dali. O novo cenário explorado por Saldanha é a Amazônia.
A fita começa na noite de Ano-Novo, com as pessoas vestidas de branco e comemorando na praia de Copacabana, assistindo aos fogos de artifício.
As ararinhas azuis ameaçadas de extinção, Blu e Jade, têm três filhos: Tiago, Carla e Bia. Enquanto Jade, criada na natureza, tem hábitos da sua espécie, Blu, que era uma ararinha de estimação criada nos Estados Unidos, tem hábitos humanos. Jade sai para caçar o alimento, enquanto Blu abre a lata de castanha com o bico.
Durante um café da manhã, eles ouvem uma notícia na televisão: seus antigos donos, Linda e Tulio Monteiro (com voz de Rodrigo Santoro nas versões original e em português), descobriram outras ararinhas azuis na floresta amazônica, provando que a espécie está salva da extinção. Jade, a aventureira, diz que quer atravessar o país e conhecer o seu bando.
Mais urbano, Blu luta contra, mas cede às vontades da amada. Então, a família toda segue em direção à Amazônia. Blu se agarra ao GPS e à pochete que carrega na cintura com canivete, escova de dentes e papel higiênico e vai.
“Rio 2” continua lindo, tal como o primeiro, cheio de cores, movimento perfeito dos animais, que até parecem reais, além da reprodução dos locais por onde passam ser fiel à realidade. Mas “Rio 2” se vale de muitos clichês para contar uma história que nem se passa na Cidade Maravilhosa.
Antes de chegarem ao destino final, o mapa mostra onde estão e passam por Ouro Preto (MG), Salvador (BA) e Brasília (DF).
As canções, a cargo de Carlinhos Brown e Sérgio Mendes, não param, cansam o espectador do início ao fim. Todos os filmes da Disney, por exemplo, têm cantoria, mas este repete a fórmula à exaustão.
Desta vez, nem só de samba e bossa nova vive a trilha sonora. Há influências do Norte e do Nordeste do país, além de ópera. Há ainda referências à obra “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, protagonizadas pela cacatua do mal, Nigel, e pela rã rosa (e venenosa) Gabi, personagem que chegou neste filme. Eles, aliás, só pensam em vingança e perseguem as ararinhas durante a viagem.
Continuações de filmes geralmente são difíceis de seguirem o sucesso do antecessor. Há exceções, como o caso da franquia “Toy Story” e do próprio “A Era do Gelo”, do mesmo estúdio, dois exemplos para ficar na animação. Não é o caso, infelizmente, de “Rio”, cuja primeira parte é muito mais empolgante do que este que chega aos cinemas, inclusive em 3-D.
De acordo com o material de divulgação para a imprensa, o primeiro filme foi exibido em 120 países, para mais de 70 milhões de pessoas. A bilheteria rendeu 486 milhões de dólares.