Memória Cinematográfica

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O Quarteto

Estreia 5 março 2013

O ator Dustin Hoffman, de “Rain Man”, “Todos os Homens do Presidente” e até mesmo como o advogado beberrão de “Sleepers – Vingança Adormecida”, dispensa apresentações. A novidade agora é que, aos 75 anos, ele sai da frente das câmeras e atua como diretor.

Seu filme de estreia, “O Quarteto” (“Quartet”), conta a história de músicos ingleses aposentados que vivem em uma casa de repouso exclusiva para esta classe artística. Porém, uma comissão é formada para a realização de uma apresentação aberta ao público, com o objetivo de arrecadar fundos. Sem dinheiro, a casa ameaça fechar em seis meses e deixar os músicos, que fizeram grande sucesso no passado, sem teto.

Os músicos se aproveitam de suas experiências para ensinar as crianças que visitam a casa de repouso, bem como para discutir, além de ópera, rap e os Beatles.

A discussão também gira em torno dos problemas que aparecem em decorrência da idade dos residentes: dificuldade de locomoção, distúrbio na próstata. E, como frisa uma das personagens, “velhice não é para maricas”.

O foco da história é em um trio de cantores de ópera, Reginald Paget (Tom Courtenay), Wilfred Bond (Billy Connolly) e Cecily Robson (Pauline Collins), que ensaia a apresentação. No entanto, com a chegada da quarta integrante (daí o nome do filme), as emoções se afloram e o ritmo da casa começa a mudar.

O quarto elemento é Jean Horton (Maggie Smith), que se recusa a se misturar com os demais e vê que não canta mais como cantava antigamente e se deprime. Com o decorrer da fita, o espectador vai acompanhar que o drama envolve encontros, reencontros, casamentos, amores.

O filme todo se passa em um casarão, localizado no interior do Reino Unido. E tal como em “Amor”, de Michael Haneke, que se passa dentro de um apartamento em Paris, o realizador precisa encontrar, dentro do mesmo ambiente, diferentes ângulos. E Hoffman tira de letra. Assim como extrai, tal como Haneke, interpretações ótimas dos atores veteranos.

“O Quarteto” discute os problemas em decorrência da idade, mas também fala sobre a superação do tempo, feridas abertas que nunca foram cicatrizadas. Ao mesmo tempo que o ator, na tela, convence o espectador com as suas dores e delícias, causa, do lado de cá da tela, um certo desconforto. Afinal de contas, o tempo passa para todo mundo. E o modo como cada um encara esta jornada é que são elas.

Ao final, junto com os créditos, os nomes reais nos quais o roteirista Ronald Harwood se inspirou.

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