Madonna, a cantora, todo mundo conhece. E se lembra dela, no final dos anos 1980, escandalizando o mundo quando estrelou o clipe de sua música “Like a Prayer” e queimou uma cruz, para horror da igreja católica. Madonna também já trabalhou como atriz, mas agora ela resolveu atuar como diretora (além de produtora e roteirista). Seu longa-metragem, “W.E. – O Romance do Século” (“W.E.”), estreia nesta sexta-feira, 9, nos cinemas, depois de ter vencido o Globo de Ouro de Canção Original (“Masterpiece”), ser indicado, para o mesmo prêmio, na categoria Trilha Sonora Original e ser indicado ao Oscar de Melhor Figurino.
A fita conta, paralelamente, duas histórias de amor. Wally Winthrop (Abbie Cornish, de “Sem Limites”) e Wallis Simpson (Andrea Riseborough, de “Não me Abandone Jamais”) estão separadas por mais de seis décadas, já que a segunda viveu no início dos anos 1930, quando se apaixonou pelo então príncipe de Wales e, a segunda, que achou o romance perfeito, em 1998, pois o Rei Edward VIII abdicou do trono britânico por causa da mulher que amava. Ele, que deveria subir ao trono quando seu pai morreu, abdicou da coroa, pois a mulher que amava era divorciada (a americana Wallis Simpson) e, segundo as leis britânicas, um rei não poderia se casar com uma divorciada, pois é o chefe da igreja.
Mas essa história começou a ser contada em “O Discurso do Rei”, longa-metragem de Tom Hooper, que venceu diversos Oscars em 2011, incluindo Melhor Filme e Ator, para Colin Firth, como o rei gago, e que tomou o poder após a renúncia do irmão. Agora, porém, o foco é no irmão, uma outra visão, portanto, já que se apaixonou e viu os seus súditos ir contra ele e à sua futura esposa, em um julgamento pouco visto na realeza britânica.
Aqui, além de mostrar o romance dos dois “pombinhos”, a ênfase é na vida de Wally, cujo nome fora inspirado em Wallis, já que sua mãe queria que ela se casasse com um príncipe (mas acabou casando-se com um médico que pouco ou tempo nenhum tem pra ela). E, entre as visitas ao arquivo dos Windsor, na casa de leilões Sotheby’s, ela tem uma grande memória sobre o tal “romance do século”, que dá nome em português ao longa, e se inspira no romance da outra, no passado. No presente, ela desconfia que o marido a trai e quer ter um filho.
O nome original do filme são as iniciais dos amantes: Wallis e Edward, aqui vivido por James D’Arcy. A explicação é dada logo no início ao espectador e a câmera de Madonna é nervosa e fora de foco, na maior parte do tempo, justamente para mostrar a tensão das personagens. As idas e vindas no tempo são separadas por recursos primários, como a legenda, mas também pelo belo figurino, que, aliás, rendeu ao longa o prêmio do Costume Designer Guild Awards, na categoria de Excelência em Figurino de Filmes de Época.
“W.E. – O Romance do Século” é delicado à medida que trata com bastante bom gosto o tema polêmico. Em alguns momentos, porém, a história fica confusa e o vai e vem no tempo se torna cansativo. Mas não chega a ofender o espectador. Falta também emoção e, para quem quer ver um bom romance, o filme deixa a desejar, principalmente por as cenas de amor não estão lá.