Memória Cinematográfica

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Cine Materna

cinema 23 setembro 2011

Foi em um grupo de discussão pela internet que uma mãe apaixonada por cinema disse sen­tir falta de ver um filme após o nascimento de seu primeiro filho. Então, o grupo organizou-se e mães com seus bebês “invadiram” um cinema para a primeira sessão batizada de Cine Materna, em 2008. A partir daí, sessões de cinema destinada a mães e seus bebês se espalharam pelo país. E, nessas sessões, que geralmente ocorrem no meio da tarde, “pessoas comuns” são bem-vindas, mas não têm o direito de reclamar do chororô.

A repórter da Folha de Alphaville não possui filhos, mas encarou uma dessas sessões realizadas no Espaço Unibanco, em São Paulo. Na terça-feira, 27, às 14h, é a vez de a Cinépolis do Iguatemi Alphaville começar a oferecer o Cine Materna. O filme previsto é “Larry Crowne – O Amor Está de Volta”. Para esta primeira sessão na sala VIP, apenas as mães previamente cadastradas no site www.cinematerna.org.br poderão participar gratuitamente. Segundo a organização, as sessões acontecerão uma vez ao mês na Cinépolis, e uma vez na Cinemark do Shopping Tamboré.

O filme da semana passada foi o argentino “Um Conto Chinês”, mas o foco da sessão para a repórter não era o longa-metragem com Ricardo Darín no papel principal, mas sim o contexto envolvido e a preparação para receber os pequenos. A escolha dos filmes é feita através de enquetes no site e excluem aqueles que possuem excesso de sexo, violência ou suspense.

As salas são equipadas para acolher os bebês: o som é reduzido, há dois trocadores na sala (incluindo os apetrechos necessários, como fralda, creme para assaduras, lenço umedecido etc.), ar condicionado mais suave (praticamente desligado), ambi­en­te parcialmente iluminado, e há ainda um tapete no chão para as mães com filhos que já engatinham, por exemplo, ainda que o local seja perto demais da tela.

Mesmo que os pequenos estejam liberados para chorar um pouquinho dentro da sala, existe uma etiqueta a ser seguida pelas mães, como: se o bebê, após mamar, continuar chorando, a mãe deve sair da sala para tomar um ar e voltar quando o bebê se acalmar; o celular deve estar desligado e deve-se evitar falar durante a projeção; é bom levar brinquedo sem luz e sem som; foto de recordação pode ser tirada desde que sem flash durante a sessão.

Ao final, as mães se encontram em um café (no Center 3, no caso do Espaço Unibanco) para trocar experiências.

Durante o filme, pode-se dizer que não há estresse com relação ao barulho, já que a pessoa que se dirige a esta sessão já vai preparada. No entanto, é comum ver mães em pé nos corredores laterais com o bebê no colo.

Acompanhar o Cine Materna é praticamente uma experiência antropológica, e filho, sinceramente, não é desculpa para deixar de ir ao cinema.

Experiência das mães

A advogada Tatiana Poletti, 32, esteve pela primeira vez em uma sessão do Cine Materna com a filha Alicia, de seis meses. Isso porque ela atualmente mora na China. “Foi bacana a experiência para sentir que a vida social pode continuar mesmo após a maternidade. Sem contar que vira história para dividir com a família e com a própria bebê quando ela crescer.” Durante a sessão, Alicia dormiu bastante e só quando acordou mamou um pouco e depois precisou ser trocada. Quanto a isso, Tatiana conta que a monitora até avisou que não precisava levar nem a fralda, além de ajudar com uma lanterna.

A jornalista Juliana Cristina Parollo, 34, começou a frequentar as sessões quando a filha, Maria Luiza, de quatro meses e meio, completou três. “Uma amiga contou sobre essas sessões e logo me empolguei, pois sempre fui cinéfila e desde o começo da gravidez não pude ir ao cinema”, conta. Sobre as experiências, Juliana explica que foi interessante ver outras mulheres que deviam estar na mesma situação que a sua. “Muita gente passa a fazer só programa de bebê depois que o pequeno nasce e não precisa ser sempre assim”, aponta.

Juliana conta ainda que, na primeira vez, sua filha Malu chegou com fome e precisou ser ama­mentada duas vezes e quase nem assistiu ao filme. Da vez seguinte, ela dormiu a sessão inteira, já que mamou antes de sair de casa. Sobre o programa, ela diz que o que mais curtiu foi fazer o que adora (ir ao cinema) ao lado da filha e com toda estrutura. “E o melhor: nessas sessões, não há constrangimentos no caso de a bebê chorar.”

Para as outras mães, Tatiana Poletti diz “que vale a pena experimentar, ainda mais que ao final de cada sessão sempre há um encontro entre as mamães para um bate papo e um cafezinho”.

Juliana afirma que para as mães que curtem um bom cinema, que aproveitem para dar uma fugida de casa. “É bom a criança se acostumar com coisa boa desde cedo. E quando ela já tiver um ano, começa a notar que ela e a mamãe podem se divertir com as mesmas atividades culturais, como assistir a um bom filme”, conclui.

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