Memória Cinematográfica

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Depois Daquele Baile

Nacional tatianna 23 março 2006

Os filmes nacionais, desde a retomada, em 1994, têm tido papel de destaque no cinema. Depois que Carla Camurati abriu as portas com o seu “Carlota Joaquina” (1995), vieram outros, como “Central do Brasil” (1998), “Carandiru” (2003), “Cidade de Deus” (2002).

O estreante diretor Breno Silveira veio contar a história dos goianos que ganharam a vida na cidade grande e deu certo. Cinco milhões e trezentas mil pessoas foram assistir à “2 Filhos de Francisco”, filme que faturou mais de R$ 36 milhões nas bilheterias e foi forte candidato ao Oscar como Melhor Filme Estrangeiro, mas definitivamente não foi indicado.

Desta vez estréia “Depois Daquele Baile”, nesta sexta-feira, dia 24 de março, primeiro longa-metragem dirigido por Roberto Bomtempo e baseado em peça de teatro homônima. Dois grandes amigos, o professor aposentado e mulherengo, Freitas (Lima Duarte), e o ex-exilado, protético em fim de carreira, hipocondríaco Otávio (Marcos Caruso) disputam o coração da viúva Dóris (Irene Ravache) e fazem uma aposta.

Ela, ótima cozinheira, oferece serviços de pensão em sua casa e tem a ajuda de Bete (Ingrid Guimarães), sobrinha que veio do interior para estudar enfermagem e dona da pérola: “Hoje, santo para as causas urgentes não é Santo Expedito. É a internet”. Em torno da boa comida mineira, pessoas simples lutam para viver com dignidade.

A fórmula de colocar bons atores da tevê foi seguida. Lima Duarte segura o filme com seu bom humor e sua capacidade de envolver o público com sua interpretação ímpar e características de seu personagem caricato. A química ao lado de Irene Ravache funciona e Marcos Caruso soma ao elenco o seu jeito quieto, sério e equilibra a trama.

Filmado em Belo Horizonte, o roteiro gira em torno de piadas, conquistas e amizade. Bomtempo utiliza o que aprendeu na tevê: fecha as cenas em close a maior parte do tempo, insere dramaticidade às lembranças com auxílio da trilha sonora, coloca os atores para dançar. Os rapazes jogam peteca e ao mesmo tempo falam das conquistas amorosas com sotaque mineiro.

Enquanto Otávio faz uma dieta rigorosa contra o colesterol, Freitas bebe cerveja, fuma demais, come torresmo sempre que pode. Ele, aliás, tem horror ao passado, só gostaria de voltar a ser jovem.

Às sextas, eles realizam o jantar dançante, momento de descontrair e arranjar a paquera. E é Dóris quem fala: “O que vamos fazer na sexta à noite, assistir televisão? Não…” Então, eles descobrem a amizade, voltam a ser crianças durante o piquenique na montanha e no parque de diversões.

Com moral da história que afirma “mulher é bom, mas amigo é sagrado”, o longa-metragem “Depois Daquele Baile” se concretiza como melhor do que se esperava. Sorte nossa.

 

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