É praticamente automático falar de filme sobre ETs e associá-los à Steven Spielberg. Nos anos 1980, ele mostrou ao mundo a história de “ET – O Extraterrestre” e, de lá pra cá, produziu muitas outras tramas sobre o mesmo assunto, como “MIB – Homens de Preto”, “Guerra dos Mundos” e outros. Desta vez, ele produz “Super 8”.
O longa-metragem, dirigido e escrito por J.J. Abrams (diretor de “Star Trek”, roteirista de “Armageddon” e produtor de “Cloverfield – Monstro”, além do seriado “Lost” – e muitos outros), conta a história sobre um grupo de amigos da pequena Lillian, localizada em Ohio, nos Estados Unidos, que resolve fazer um filme de zumbis com uma câmera Super 8, logo depois do acidente ocorrido na siderúrgica da cidade, que deixou muitos mortos e pessoas perturbadas por terem perdido entes queridos.
Na primeira cena em que os garotos filmam, presenciam uma terrível batida de trem, pontapé inicial para desencadear desaparecimentos estranhos e eventos inexplicáveis. E é justamente para contar sobre esses acontecimentos que a fita se desenrola – e não apenas por conta do curta-metragem dos alunos da escola.
Quem escreve e dirige o tal filme de zumbis é Charles (o estreante Riley Griffiths), uma espécie de alter ego de J.J. Abrams, já que, quando tinha apenas oito anos de idade, começou a brincar com uma Super 8 e fazer filmes caseiros sobre perseguições, batalhas e monstros. E, naquela época, o renomado diretor participou de um festival de Super 8, exatamente como acontece no filme. A história que ele conta na tela, portanto, não é totalmente invenção.
Ao lado de Charles está o maquiador Joe Lamb (Joel Courtney, também em sua estreia no cinema), filho do policial Jackson Lamb (Kyle Chandler), que vai tentar desvendar o mistério que ronda a cidade.
Para escolher quem faria o papel da mocinha, os garotos uniram, digamos, “a fome com a vontade de comer”. Convidaram a garota mais bonita da escola, Alice (Elle Fanning, de “Um Lugar Qualquer”), como um modo de se aproximar dela, mas também porque ela era corajosa, a ponto de roubar o carro do pai (Ron Eldard), já que sua mãe se mandou e ele vive bebendo.
Além de ser um filme dentro de um filme, ou seja, uma perfeita metalinguagem, a ação toda se desenrola principalmente por conta do mistério para descobrir o que está por trás do acidente do trem (cuja cena é espetacular). A fita mostra que o garoto, após perder a mãe em um trágico acidente, não pode contar com o pai, que é policial e vive fora de casa. Portanto, acaba se enfiando na casa do amigo, já que sua família o apoia e entende a perda.
J.J. Abrams prova que realmente inventou a máquina de voltar no tempo. Desta vez, o espectador viaja diretamente para os anos 1980 (não apenas no que diz respeito às locações e ao figurino, mas também na forma) e pode ser capaz de deixar o iPod de lado e procurar o velho walkman guardado no fundo do armário só porque na tela isso parece cult. É verdade que, no meio desse déjà vu, é visível a mão de Spielberg, como a cena do trem (para citar a mais espetacular de todas).
Mesmo em meio à destruição, bandidagem e corporativismo por parte da polícia do exército, há o lado poético, como a fase da adolescência na qual os garotos estão passando, com todas as transformações desta época, o primeiro amor etc.
“Super 8” é um filme para ser levado a sério por conta da sua produção, mas que contém muitas cenas para pura diversão.