Sem preconceito, mas com essa dúvida, fui assistir, na sexta, 11, à estreia do longa-metragem “Passe Livre” (“Hall Pass”). O filme, dirigido pelos irmãos Farrelly (de “Quem Vai Ficar Com Mary”), conta sobre como os amigos Rick (Owen Wilson) e Fred (Jason Sudeikis) conseguiram o passe livre (“uma semana de folga do casamento sem consequências”) das respectivas esposas.
Até conquistarem o tal passe livre, o problema dos dois era o mesmo que acomete muitos homens casados: acham que, por causa delas, estão perdendo todas as outras mulheres do mundo. E mais: quando procuradas por sexo, as esposas fingem dormir e os maridos continuam na fissura. E daí vale tudo: ir ao banheiro ou ficar no carro ouvindo música e fazendo outras coisas, se é, caro leitor, que você me entende… Essa cena, aliás, está no filme.
A fita é coberta por clichês. Mostra a mania irritante de todos (isso, eu disse to-dos) os homens de olhar para trás quando uma mulher passa, mesmo estando acompanhado; a ideia de que, ao casarem, teriam a garantia de sexo todas as noites; quando o “Clube do Bolinha” se reúne para jogar pôquer, golfe, ou seja lá o que for, o assunto principal é mulher… principalmente a dos outros, claro. E assim por diante.
Casado há quase 20 anos e pai de três filhos, Rick começa a se cansar da rotina e a paquerar a atendente do café, uma linda e sexy australiana, e vai aumentar ainda mais a ansiedade de conquistá-la quando a esposa o libera a semana toda e decide ficar na casa do pai.
Apesar dos clichês, “Passe Livre” apresenta diálogos engraçados, questões que, como se pode ver, acomete a maioria dos homens casados. Quando encontram a tal liberdade pela qual tanto lutaram, não é tão bacana assim, principalmente porque, acostumados com a vida acompanhado e a idade, claro, não sabe nem aonde ir para paquerar (ou o que falar). E isso, aliás, está no trailer. É quando o grupo de amigos pensa em conhecer novas garotas e vão ao Applebee’s, restaurante onde as famílias se encontram para saborear um jantar regado a carne e refrigerante.
Mas o problema de “Passe Livre” não é o tema ou o timing dos atores, é o modo como a história perde o ritmo e acaba se tornando uma bobagem sem tamanho, principalmente com a inclusão de um personagem sem sentido (o DJ da festa que também trabalha no café junto com a australiana). As cenas escatológicas (que acontecem no banheiro e na sauna) estão lá para deixar a plateia constrangida e não para fazer graça, como deveria ser o propósito da comédia.
“Passe Livre” poderia ter audiência principalmente após a abertura que “Se Beber, Não Case” deu no quesito comédia adulta. O problema é que os irmãos diretores não têm a coragem de ir além do burocrático roteiro, explorando o talendo de Owen Wilson, por exemplo, que tem energia de sobra para fazer rir. E o final, piegas, faz a comédia ser mais romance, o que não convence o time masculino.