Refilmagem de longa-metragem lançado em 1981 e dirigido por Desmond Davis, “Fúria de Titãs” (“Clash of the Titans”) estreia nos cinemas nesta sexta-feira, 21 de maio, e fala sobre a mitologia grega, a luta entre os homens e os deuses do Olimpo.
O diretor francês Louis Leterrier (de “O Incrível Hulk”) aponta as suas lentes para o começo de tudo, quando conta um pouco (em inglês) sobre a mitologia grega, mostra os homens derrubando a estátua em homenagem a Zeus, o deus dos deuses. Enquanto isso, no Olimpo, onde eles vivem, o próprio Zeus (Liam Neeson) reúne-se com os outros deuses para saber o que podem fazer para acabar com a revolta dos homens contra eles. E, em suas palavras, “os homens que desafiam os deuses serão punidos”.
Mas a história escrita pelos roteiristas Travis Beacham, Phil Hay e Matt Manfredi é contada a partir da visão e da vida de Perseu (Sam Worthington, o herói de “Avatar”), um semideus (uma vez que é filho de um deus, Zeus, e de uma mortal), que vê o seu suposto pai morrer pela mão de um dos deuses gregos e agora quer se vingar, ainda que não saiba que é filho do deus (e se recusa a aceitar).
A luta maior de todas, porém, será contra o vilão Hades (Ralph Fiennes), irmão de Zeus, e que precisa do ódio dos homens para ganhar força (ao contrário de Zeus, que precisa do seu amor). A partir de então, Perseu, o nosso herói, sairá em busca da aventura que vai salvar a humanidade.
E está dado o início ao épico cheio de figuras mitológicas, como a mortal Medusa; o alado Pégaso; a guia Io (Gemma Arterton); Acrisius (Jason Flemyng) rei que se transforma em uma terrível criatura; Poseidon (Danny Huston), deus dos mares e irmão de Zeus e Hades; a princesa Andrômeda (Alexa Davalos), além de reis e rainhas que vivem na Grécia antiga (o longa, aliás, foi filmado em Tenerife, nas Ihas Canárias, e no País de Gales, e não na Grécia). E o espectador poderá acompanhar, em três dimensões, toda a sua luta contra a fera Kraken, o gigantesco monstro com aparência de escorpião.
No papel de Zeus, Neeson é ativo, nada de ficar sentado em um trono, com barba e cabelos brancos. Do mesmo modo é Hades. Fiennes, que já fez o vilão Valdemort, na série “Harry Potter”, personifica bem o personagem, ao contrário do protagonista, pois lhe falta carisma, empatia e garra para encarar um personagem tão forte como o seu pede.
O mito do herói, sobre aquele que vive no seu mundo mas precisa trilhar outro, geralmente hostil e estranho, enfrentar desafios até receber um prêmio, uma vitória, está presente na obra, obviamente, mostrando que Hollywood está repleta de roteiros como esses.
Além de a fita discutir poder (entre os deuses do Olimpo e na Terra, entre os mortais), “Fúria de Titãs” fala também sobre família, a falta que o pai faz para o garoto.
Depois de quase 30 anos após lançamento da primeira versão, a tecnologia ajudou nos efeitos especiais desta produção, mas a filmagem não foi feita em 3D, tal como em “Avatar”, que utilizou câmera específica. O efeito final, ainda que a plateia precise utilizar os óculos especiais para assistir à obra, não é lá grande coisa. Isso porque a terceira dimensão, neste caso, não acrescenta nada ao filme – talvez só uma maneira de cobrar o ingresso mais caro.
“Fúria de Titãs” atualiza o filme feito nos anos 1980 e convida o público de hoje a conhecer a mitologia. Aqui, porém, não vou discutir sobre o que está certo e o que está errado na mitologia, uma vez que há alguns equívocos, mas quem estará falando a verdade, quando o assunto é algo de milhares de anos atrás? Por isso e por outros motivos, como falta de um roteiro consistente, personagens melhores desenvolvidos etc., não é preciso sair correndo para vê-lo no cinema. O filme pode esperar – ou ser esquecido, pois nem fará falta ao repertório.