Memória Cinematográfica

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Coco Antes de Chanel

Estreia Filme francês 30 outubro 2009

Demorou, mas dia 30 de outubro estreia no país. “Coco Antes de Chanel” (“Coco Avant Chanel”), filme sobre a estilista Gabrielle Chanel, chegou às telas francesas em abril e, no final de semana de estreia, arrecadou o equivalente a R$ 7,56 milhões, alcançando o topo da bilheteria.

O longa-metragem conta (em francês) a história (de forma linear) da vida da estilista do início do século passado (embora não seja datado), desde quando ela era uma garotinha e foi deixada com a irmã em um orfanato, até se tornar artista de cabaré e, com a ajuda de homens ricos, se transformar no fenômeno que mudou o jeito de as mulheres se vestirem, acabando com os espartilhos, além de ter construído uma moda e estilo únicos que permanecem até hoje.

Vivida pela atriz francesa Audrey Tautou (que ficou conhecida por sua atuação em “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), Chanel leva uma vida sem graça e tenta sobreviver com os trocados que ganha como artista de cabaré frequentado basicamente por soldados bêbados e velhos ricos que vão atrás de mocinhas. É em uma dessas apresentações, ao lado da irmã, que Gabrielle conhece seu protetor, Etienne Balsan (Benoît Poelvoorde), que se interessa pela garota que, mesmo sendo sem graça, com voz fraca e magricela, se destaca entre as outras que cantam e dançam no local. Quando vai viver em seu castelo (e chega sem avisar), começa a perceber o que é ter boa vida, como é frequentar a alta sociedade.

Ela começa a montar a cavalo e conhece o inglês Boy Capel (Alessandro Nivola), o treinador de cavalos que retribui o seu amor e a ajuda a dar o primeiro passo para comercializar os chapéus que confecciona para as damas da sociedade e, com o boca a boca, vem o sucesso. Como as mulheres montavam a cavalo com vestidos (o que deveria ser extremamente desconfortável), ela inova e passa a utilizar peças do vestuário masculino para se sentir mais à vontade e protegida. E a partir daí começa a mostrar personalidade na maneira de se vestir, e a se destacar.

A câmera da diretora Anne Fontaine (“A Garota de Mônaco”) mostra ao espectador o olhar de Chanel, principalmente com as imagens na altura dos ombros, mostrando que ela via o que as damas carregavam nas orelhas, nos pescoços, os detalhes, as pérolas (falsas) que ficaram famosas em suas mãos. É quando Chanel transforma as roupas e impõe sua moda, como o chapéu da amiga, os tailleurs, tornando a sua moda autêntica e inconfundível.

O longa também enfoca passagens interessantes, como frases prontas de Balsan e de Coco, como: “Homens são exaustivos, mas indispensáveis”, “Só o preto realça os olhos”, “O problema dos apelidos é que você nunca se livra deles”, “Dizem que a mulher que corta o cabelo está prestes a mudar de vida”, já que Coco tinha os cabelos compridos e, embora os usasse presos, quando foi para Paris, cortou-os. Além de passagens irônicas, como quando diz à irmã: “A única coisa boa do amor é fazer amor. É uma pena que seja necessário um homem para isso!”

Embora a fita de Anne dê conta de mostrar boa parte da vida de Coco Chanel (e por que, aliás, Gabrielle se tornou Coco), a linearidade dos fatos cansa o espectador. E ficaram de fora cenas importantes da carreira da estilista, como o motivo pelo qual seu perfume, o Chanel Nº 5, ficou eternizado (e a mãozinha que Marilyn Monroe deu neste assunto), além das bolsas com correntes que fez com que as mulheres desocupassem as mãos, uma vez que só carregavam as do tipo carteira, e como ela deixou a França e depois retornou ao país. Enfim, quando ela, de fato, se tornou um sucesso não apenas em Paris, mas no mundo todo, a fita, inspirada na “L’Irrégulière”, biografia de Coco escrita por Edmonde Charles-Roux, não conta. O problema maior pode até ser sido o roteiro escrito por Anne e Camille Fontaine, com colaboração de Christopher Hampton, mas há uma quebra do ritmo a um determinado momento do longa que fadiga a plateia e o filme se torna arrastado.

Piaf – Hino ao Amor” é a biografia da cantora francesa Edith Piaf e também mostra sua vida repleta de dificuldades no início, o orfanato, as cantorias que fazia em bares e nas esquinas parisienses a fim de conseguir um trocado e sobreviver, mas que não cansa. É emocionante, faz o espectador perceber os obstáculos enfrentados, como o álcool acabou com sua vida, além da doença, do amor que tinha por um rapaz e assim por diante.

Ainda que tenha problemas e não seja tão cativante quando a história de Piaf, “Coco Antes de Chanel” tem algumas coisas boas, como a lição de vida, que mostra uma jovem de origem humilde e que nunca se casou, estudou sozinha até se tornar um símbolo de sucesso e liberdade, além se ser uma mulher à frente de seu tempo e ajudar a criar o perfil da mulher moderna. Sem contar os modelos das roupas, os vestidos, principalmente nas últimas cenas, quando há um desfile na mesma maison onde começou e a clássica cena mostrando Chanel assistindo às suas criações desfilarem do alto da sua escada.

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