Memória Cinematográfica

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A expectativa da comédia

Entrevista Estreia Nacional 16 junho 2009

Para a divulgação do longa-metragem “A Mulher Invisível”, o diretor e roteirista Cláudio Torres juntamente com os atores Selton Mello, Luana Piovani, Maria Manoella e Vladimir Brichta se encontraram com a imprensa para falar um pouco sobre o filme que conta a história de Pedro (Selton) que, após ser abandonado pela esposa (Maria Luiza Mendonça), acredita que a vizinha (Luana) é a mulher ideal.

Luana, aliás, conta que ficou bastante feliz ao saber que o papel fora escrito especialmente para ela. “Ah, é bom, muito bom, primeiro porque foi escrito pelo Cláudio, segundo porque ser o protótipo da mulher ideal me fez me sentir muito bem”, admite a atriz, acrescentando que palpitou nas escolhas das lingeries. “Fiquei muito à vontade e segura no set, fui superbem cuidada pela equipe. Confesso que quando soube do figurino fui para um SPA, fiquei uma semana e foi muito difícil.”

Foi durante a filmagem do drama “Redentor” que Cláudio Torres teve a ideia de fazer “A Mulher Invisível”. “Gosto muito de comédia romântica, desde os filmes de Billy Wilder (de ‘Sabrina’) até os de Ben Stiller (como ‘Uma Noite no Museu’), ‘O Virgem de 40 Anos’. Escritores não são isolados, eles dialogam com outros filmes. Tem até (Stanley) Kubrick no longa-metragem. O momento em que o Pedro conclui seu livro foi inspirado no final de ‘2001 – Uma Odisséia no Espaço'”, confessa o diretor. “Não acredito que comédia seja uma concessão”, diz ele, sobre o fato de ser a comédia um filme menor. “Amo comédia. Rir é uma coisa inteligente. Você só ri porque pensa em alguma coisa. Considero comédia muito nobre.”

Ele explica também que seu filme chega em uma boa época, uma vez que recentemente os filmes brasileiros de maior sucesso, como “Se Eu Fosse Você 2” e “Divã“, coincidentemente são comédias. “Acontecem ondas ao mesmo tempo [no cinema brasileiro]. Há pouco houve violência, o (José) Padilha (de ‘Tropa de Elite’), o Fernando (Meirelles, de ‘Cidade de Deus’) e o Breno (Silveira, de ‘Dois Filhos de Francisco‘) não pensaram juntos. Este ano aconteceu ao acaso uma concentração de comédias. Eu falei que quero fazer uma ficção científica”, destaca. Na ocasião, o presidente da Warner no Brasil, José Carlos Oliveira, arrebatou: “Sem efeitos especiais, pode fazer a hora que você quiser.”

Sobre a animada trilha sonora, Cláudio diz que há duas partes separadas. “Tenho 45 anos e sou consumidor de rock desde que nasci. Há Ramones, Janis Joplin e Lobão, e a música instrumental que entra como música incidental. Gosto quando vou ao cinema e a música explode e toca algo que eu conheço”, explica. Sobre a escolha por músicas internacionais, ele diz que é justamente para não se sobrepor aos diálogos dos personagens. “Quando você coloca uma música em português dá ruído e este filme tem muito texto.”

Drama e comédia
Se antes de começar as filmagens de “A Mulher Invisível” Selton Mello tinha acabado de estrear como diretor, no denso “Feliz Natal”, ele conta que não tem problemas com essa oscilação de gêneros. “É a vontade da profissão. Foi como quando saí das filmagens de ‘Lavoura Arcaica’ para filmar ‘O Auto da Compadecida'”, compara. Vale lembrar que a situação é a mesma, uma vez que ele tinha terminado um filme dramático para fazer uma comédia bem leve.

Ainda aparentando um pouco sonolento na manhã em que aconteceu a entrevista, Selton falou sobre a dificuldade que teve de dormir na noite anterior e estava com dor na coluna. Sobre o trabalho ao lado de Luana, ele conta que foi bastante tranquilo, a não ser o fato de os dois preferirem temperaturas opostas. “Ela gosta de trabalhar no calor e eu, no gelado. Gosto de me sentir na Sibéria.”

Como eles filmaram as mesmas cenas juntos e separados, ele acrescenta que, “sem ela, não era preciso trocar ideia com ninguém nem brigar sobre a temperatura do set”. Uma brincadeira que os dois fizeram durante as entrevistas é que Luana tinha ciúme quando ele fazia a cena sozinho. “Ficava mesmo, eu não queria”, admite a atriz.

Se no filme o personagem se sente sozinho, Selton diz que emprestou muita coisa para a caracterização. “O que me agrada é ser uma comédia e me comove porque fala de solidão, este componente é muito atraente e próximo de mim, colocando o filme em outro patamar”, comenta.
Durante as filmagens, Cláudio Torres diz que teve conjuntivite e logo a equipe se lembrou do filme “Dirigindo no Escuro”, de Woody Allen, no qual o diretor faz um cego. “Quando o meu filho vinha me visitar, eu preferia não chegar perto dele para ele não pegar de novo, então criei um comprimento com os cotovelos, que o Selton e o Vladimir fizeram uma homenagem no filme.”

Para finalizar, Cláudio Torres diz que “A Mulher Invisível” tem “densidade, comove, faz pensar. E espero que seja compreensível para muita gente”. Com 200 cópias e estreia nacional marcada para 5 de junho, o filme deve ir para outros países mais pra frente. Ah, sim, e antes de ir embora, Selton Mello disse a esta repórter que não está envolvido com outro projeto de cinema sob sua direção. Em cena, porém, ele poderá ser visto a partir de 26 de junho no longa “Jean Charles”, baseado na história do brasileiro morto em Londres pela polícia britânica.

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