Memória Cinematográfica

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Queime Depois de Ler

Estreia 28 novembro 2008

A abertura do longa-metragem “Queime Depois de Ler” (“Burn After Reading”), dirigido por Joel e Ethan Coen, mostra que eles não estão ali de brincadeira. Vencedores do Oscar 2008 nas categorias Melhor Filme, Diretor, entre outras, os Coen apresentam a fita ao espectador como se utilizassem o Google Earth, cujo zoom vai fazendo a aproximação aos poucos do planeta, do país, da cidade, até chegar à sala de um escritório.

O escritório é a agência secreta CIA, na Virgínia. Na ocasião, o analista Osborne Cox, interpretado brilhantemente por John Malkovich, recebe a notícia de que foi demitido. Então, ele volta para casa com o intuito de se dedicar a um livro de memórias e ao motivo real de sua demissão: a bebida. Sua esposa (Tilda Swinton), ignora-o, pois tem assuntos mais importantes a tratar com o investigador Harry Pfarrer (George Clooney).

No subúrbio de Washington, Linda (Frances McDormand) trabalha em uma academia de ginástica, mas só pensa em realizar uma cirurgia plástica no corpo todo. Quando começa a marcar encontros pela internet, ela revela seus planos a seu colega (Brad Pitt), que carrega o CD que contém o material para o livro de memórias do analista da CIA. A partir de então, a confusão está armada.

Com ritmo bem dosado, o filme, cujo roteiro também é assinado pelos irmãos Coen, é marcante pelo jeito de filmar dos diretores, e possui a narrativa bizarra e cheia de bom humor.

As histórias dos vários personagens vão acontecendo paralelamente. Repare, aliás, como todos traem de um jeito ou de outro. A certa altura, as histórias começam a convergir. Os personagens são bem-construídos e prevalece um Brad Pitt caricato, uma Frances McDormand engraçada, um George Clooney canastrão e um John Malkovich que se exalta e rouba a cena, principalmente no início, quando faz um discurso a respeito de sua demissão.

Embora Clooney e Pitt tenham trabalhado várias outras vezes juntos, tal como na trilogia que começou com “Onze Homens e um Segredo”, neste filme eles não contracenam juntos, a não ser em uma determinada cena perto do final.

Os personagens secundários, a poucos minutos do encerramento do filme, narram ao espectador o que está acontecendo na tela. O recurso, embora possa soar um pouco como preguiça criativa, foi bem utilizado, de modo que economiza tempo, cenas, mas ao mesmo tempo deixa a trama recheada de humor, principalmente porque os personagens se utilizam do cinismo e de piadas sutis para concluir a investigação que dá o toque que faltava. Ao final, a pérola de um desses personagens: “O que nós aprendemos desta vez?”

Aos irmãos Coen, aqui vai a resposta: eles aprenderam a contar história com um bom humor refinado; aprenderam a juntar estrelas em um mesmo longa-metragem, dando a cada um papéis que eles jamais fariam sob a batuta de outros diretores; aprenderam a fazer o espectador a se divertir. Agora, prove você mesmo dessa experiência.

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