Memória Cinematográfica

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A Outra

Estreia 13 junho 2008

Na onda de contar a história da monarquia inglesa, como foi o caso dos recentes “Elizabeth – A Era do Ouro” (com Cate Blanchett no papel de Elizabeth I, que se passa no século 16), e “A Rainha” (que estreou no ano passado e contou com a interpretação de Helen Mirren como a Rainha Elizabeth II, sobre os bastidores do palácio de Buckingham após a morte da princesa Diana, em 1997), desta vez estréia “A Outra” (“The Other Boleyn Girl”), filme que chega dia 13 de junho nos cinemas.

A fita é baseada no best-seller “A Irmã de Ana Bolena”, escrito pela queniana (que vive na Inglaterra) Philippa Gregory e lançado em 26 países. O roteiro, aliás, é de Peter Morgan, o mesmo que recebeu indicação ao Oscar por “A Rainha”. A autora assume, em seu site, que não muda os fatos históricos para escrever seus romances. No entanto, ela incrementa para cobrir os vãos entre as cenas para dar consistência ao relato.

A história do longa-metragem trata do momento no qual o rei da Inglaterra, Henrique VIII (Eric Bana), vive uma crise no seu casamento (já que a rainha Catarina não conseguiu ter um filho e, portanto, o herdeiro de seu trono) e, quando chega ao campo, se envolve com uma das irmãs Bolena.

Na verdade, a mais nova delas, Maria (Scarlett Johansson), é oferecida ao rei por seu pai (Mark Rylance) e tio, o Duque de Norfolk (David Morrissey), mesmo sendo casada, porque é importante para a família (por motivos financeiros). Já a outra irmã, Ana (Natalie Portman, ótima!), se apaixona por ele, mas é exilada na França para deixar a irmã caçula em paz.

As duas e a família vão morar na corte, sob a vigilância da rainha, para ser amante do rei. Então, vêem a diferença que é a vida pacata do campo com o agito do castelo, com suas festas e jantares.

A fita mostra que as moças têm um duro caminho pela frente, são tratadas como “mercadoria”, mas seus pais alegam que não é demérito para elas serem amantes do rei. E neste “jogo de empurra” acabam sobrando lágrimas, traição, inveja, ambição, competição, vingança, principalmente por que Ana, a mais articulada, consegue contornar os percalços (especialmente após ter passado uma temporada na França e aprendido alguns truques), mas ainda terá de enfrentar a dura realidade de não ser, por alguns momentos, a rainha.

O dinheiro e o poder, já naquela época (início do século 16), e Ana, totalmente manipuladora, consegue, aos poucos, o que quer. No entanto, assim como hoje em dia, dinheiro e poder não garantem felicidade, nem trazem os herdeiros que o rei esperava.

As atrizes têm química entre si, assim como quando atuam ao lado de Bana. No entanto, é perceptível que Natalie Portman está mais à vontade no papel, enquanto Scarlett Johansson, que protagonizou muito bem “Ponto Final – Match Point“, de Woody Allen, em 2005, nesta fita ela está pouco confortável, não tem o sotaque britânico que sua personagem exige.

Sob a batuta do diretor Justin Chadwick (que até então só tinha tido experiências em televisão), as imagens em alta definição (HD) dão conta de mostrar como vivia a monarquia naquele tempo, a pressão das moças, o caminho a ser percorrido por elas entre o noivado e o altar.

O figurino de época desenvolvido por Sandy Powell, assim como a direção de arte, inserem o espectador no ambiente em que as cenas ocorrem. Embora seja um filme triste (mas com conseqüências positivas a certa altura), é, no mínimo, uma grande aula de história.

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