Muitas pessoas se questionam sobre o futuro do cinema. Se as salas, que cobram ingressos cada vez mais caros, vão acabar, já que as pessoas estão indo cada vez menos ao cinema e optando por baixar filmes da internet, alugar DVD etc. Então, tome de investir em som cheio de recursos, imagem 3-D, IMax…
Ora, as pessoas estão indo menos ao cinema, mas as últimas vezes que fui ao Bristol, na Avenida Paulista, enfrentei uma fila enorme. No final de abril, aliás, fui com o meu namorado ver “O Banheiro do Papa”. Chegamos em cima da hora e havia uma fila gigante na bilheteria. As explicações são duas: a primeira é que, além de haver poucos funcionários vendendo ingressos, eles são lentos e têm uma má vontade que só vendo para entender.
A segunda explicação é que as sessões se concentram em um mesmo horário, de modo que, por exemplo, às 19h, todas as salas tinham filme iniciando ao mesmo tempo. Como perdemos essa exibição por conta da fila, ficamos para a sessão das 21h. Às 20h, passamos em frente à bilheteria depois de tomar um café no Starbucks, e adivinhe: estava às moscas.
Bom, isso é uma prova concreta de desorganização. Mas eu não volto lá tão cedo, a não ser que o filme que eu queira ver esteja exclusivamente passando naquelas salas…
Outra coisa sobre os cinemas acabarem: é cada vez mais difícil se deslocar rumo a um cinema, encontrar vaga para estacionar, fora que o preço do estacionamento é um absurdo e o trânsito é de matar! E ainda precisamos aturar gente que fala durante o filme, chuta a poltrona, faz barulho insuportável enquanto come etc.
Há evidências que os filmes estão sendo feitos para a televisão, telas de IPod, celular etc. Mas é muito chato. Nada melhor que, depois de enfrentar todos esses problemas, se acomodar na poltrona e deixar a imagem gigante invadir a sua vida. Algo como faziam os personagens do filme “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertolucci, que escolhiam as primeiras fileiras da Cinemateca Francesa, porque acreditavam que as imagens chegavam primeiro lá.
Por enquanto, só troco o cinema por uma tela menor se for aquela individual do avião que, aliás, está longe de ser problemática. No vôo que fiz entre São Paulo e Paris, no ano passado, estavam passando, obviamente, produções francesas, já que a companhia aérea era a Air France, e os blockbusters que eu já tinha assistido, como “Shrek Terceiro”, “Homem-Aranha 3”, “Piratas do Caribe 3”…
Ignorei todos e optei pelos filmes nacionais com legendas. Como não era fácil ler, me atentei ao som da língua que eu ouviria por duas semanas e às belíssimas imagens. Aliás, um dos filmes a que assisti foi “Conversas com Meu Jardineiro”, que pouco tempo depois fui conferir no cinema, em São Paulo, quando voltei.
Então, quando o filme acabou, aproveitei para sintonizar o canal de televisão e assisti a algumas reprises de “Friends”. Gargalhei em silêncio em algumas cenas e aproveitei para relaxar e me permitir pegar no sono.
Na semana passada, durante um vôo entre Frankfurt e São Paulo (e também entre Munique e São Paulo), escolhi produções americanas que eu ainda não havia visto, embora tenha assistido, pela terceira vez, a “Juno”. Foi divertido.
Vi também a bobagem que atende pelo nome de “Vestida para Casar” e uma comédia com Steve Carell e Juliette Binoche, que ainda não chegou ao Brasil, e chama-se “Dan in Real Life”. Mas antes que o fim de “Viagem a Darjeeling” chegasse, o avião pousou em Guarulhos e o final do filme ficou para depois. Quem sabe em DVD, já que esse foi exibido por aqui na tela grande no ano passado.