Memória Cinematográfica

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Sangue Negro

Estreia Oscar 15 fevereiro 2008

Pronto, agora a lista está completa. As cinco produções que concorrem ao Oscar de Melhor Filme estão em cartaz: “Desejo e Reparação”, “Onde os Fracos Não Têm Vez”, “Conduta de Risco”, “Juno” (está em pré-estréia desde o dia 25 de janeiro) e “Sangue Negro” (“There Will Be Blood”), um dos favoritos, que chega às telas nesta sexta-feira, dia 15 de fevereiro.

O roteiro é assinado pelo também diretor Paul Thomas Anderson, o mesmo de “Magnólia”, que se baseou em uma parte do livro “Oil!”, escrito por Upton Sinclair em 1920. A história fala principalmente sobre a descoberta do petróleo na região da Califórnia e do empreendedor Daniel Plainview, interpretado brilhantemente por Daniel Day-Lewis (que também fez “Gangues de Nova York”), que se transforma, com seu próprio esforço, em um magnata do petróleo. No entanto, a reviravolta acontece quando alguém lhe conta que existe petróleo sob o solo em uma outra cidade no Oeste. Então, é para lá que ele segue com o seu filho H.W. (Dillon Freasier).

Daí pra frente, além de explorar o petróleo, ele terá de contornar outras situações, como no que diz respeito à fé, quando o pastor Eli Sunday (Paul Dano, de “Pequena Miss Sunshine”) tenta o convencer de entrar para a igreja da comunidade.

O primeiro diálogo do filme só acontece após 15 minutos de iniciada a fita (o mesmo tempo da primeira parte do longa-metragem “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick). Até então, as cenas que se passam entre o final do século 19 e início do 20, mostram o personagem batalhando pela procura do petróleo. Então, só depois quando ele já se torna conhecido na região por sua descoberta é que ele fala.

Além de ler o livro de Sinclair, Anderson pesquisou em museus de petróleo e outros livros especializados no assunto, de maneira que ele consegue abordar o tema sob o ponto de vista não apenas da exploração do petróleo, incluindo a ganância de ter sempre mais, mas também aproveita para discutir a pregação da fé, as mentiras que alguns pastores contam para obter dinheiro dos fiéis, a construção da família e o valor que ela tem.

Indicado ao Oscar de Melhor Ator (e um dos favoritos) Daniel Day-Lewis interpreta um homem calado, individualista e que é capaz de enviar o filho para o orfanato quando ele fica surdo durante um acidente nas minas. E sua transformação durante todas as reviravoltas são extremamente bem-feitas, com mudanças drásticas de interpretação que só bons atores são capazes de fazer.

Já o ator com quem Day-Lewis contracena, Paul Dano, também é outro ótimo ator, que faz a pregação da “palavra de Deus” de maneira singular e convincente. Os dois, aliás, compartilham de uma excelente química, beneficiando os seus personagens. Quem ganha, ao final de mais de duas horas e meia de projeção, é o espectador, que pode conferir uma belíssima história, interpretada por bons atores e com direção perfeita!

Além de Melhor Filme, Diretor e Ator, o longa concorre a outras cinco estatuetas: Roteiro Adaptado, Fotografia, Direção de Arte, Som, Montagem.

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