Contar a vida de um artista no cinema não é para qualquer um. Interpretá-lo, então, nem se fala. No entanto, o tema é bastante recorrente na cinematografia não só norte-americana, que em 2005 lançou “Ray”, sobre o jazzista Ray Charles, para citar apenas um. Desta vez, o francês Olivier Dahan ficou responsável não apenas por dirigir, mas também por roteirizar o longa-metragem “Piaf – Um Hino ao Amor” (“La Môme”), sobre Edith Piaf, cantora francesa de grande sucesso nos anos 1950.
A fita, realizada em parceria entre França, Inglaterra e República Tcheca, abriu o Festival de Berlim neste ano. No Brasil, a estréia será dia 12 de outubro e tem tudo para agradar aos espectadores (não somente os que conheceram e tiveram as músicas da cantora como parte de sua trilha sonora particular, mas também aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer quem realmente foi Edith Piaf).
Ao todo, foram necessários três anos de preparação para a finalização do longa, o que deu mais densidade e verdade ao que é apresentado na tela. Para viver a artista, foi escalada a francesa Marion Cotillard, que participou do filme “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas”, de Tim Burton.
A fita começa mostrando uma apresentação da cantora em Nova York, em 1959, mas ela cai e as imagens em flash-back tomam conta. Surgem, então, cenas que se passam em Paris, em 1918, quando ela era apenas uma menina e fora levada pelo pai, já que a mãe não era grande coisa. O pai, porém, a largou em um bordel para ser cuidada por garotas de programa, mas que tinham muito amor e cuidado com a garota.
Mais tarde, então, seu pai, que era artista de circo, a tira dos braços de Titine (Emmanuelle Seigner), a prostituta que se afeiçoou pela menina, para andar pelas ruas e arrumar alguns trocados. Em uma dessas apresentações, Edith (vivida por Pauline Burlet aos 10 anos de idade) começa a cantar as músicas que aprendeu no prostíbulo. E então percebe que tem um verdadeiro dom.
Mais tarde, morando novamente em Paris, mas sem a perseguição do pai, Edith começa a fazer apresentações nas ruas de Paris para ganhar trocados e se alimentar, sempre ao lado da inseparável amiga Momone (Sylvie Testud). No entanto, seu vício por bebida acabou consumindo-a, de modo que gastava tudo o que ganhava com o álcool. É a partir de então que, em uma dessas apresentações, ela conhece Louis Leplée, vivido brilhantemente por Gérard Depardieu, como o exigente agente que a levará para os palcos da vida e a fará ensaiar insistentemente.
Com o filme é possível entender que, mesmo auto- destrutiva, Edith Piaf vivia para a música. Ela não cansava de cantar, de se apresentar, de ouvir canções de novos compositores, embora ela mesma tenha escrito a famosa “La Vie en Rose”. Marion Cotillard é um show à parte, que estudou os movimentos da sua personagem, e sobe ao palco com aquela timidez peculiar, mas que quando solta a voz não tem para ninguém. Ela vive sua personagem de maneira extraordinária e a todo momento convence o espectador que ela realmente é Edith Piaf.
Olivier Dahan dirige a fita de modo delicado e emocionante e traça toda a trajetória da artista que morreu jovem. As imagens em flash-back são pertinentes e levam o público a um mergulho naqueles anos. “Piaf – Um Hino ao Amor” não chega a ser um musical, até porque as canções inseridas no contexto são sempre em apresentações que ela realizava nos palcos de casas de shows e também nas ruas da sua Paris. As imagens da Cidade Luz, aliás, são uma boa pitada de saudosismo.
O longa, que com certeza vai emocionar os espectador, é uma viagem à vida de Edith Piaf, de modo singular, que, aos poucos, comove e diverte. “Piaf – Um Hino ao Amor” é um desses filmes que só mesmo os franceses seriam capazes de fazer: têm intimidade no assunto, delicadeza nas imagens e canções comoventes. Em tempo: não se esqueça de levar o lenço para a sessão!
outubro 18th, 2007
É…Essa dona Edith Piaf era inimitável…Mas têm filmes que conseguem mostrar muita coisa… vamos ver se no caso desse aí vai mostrar coisa boa ou ruim (até porquê a vida de todos tem coisas boas e ruins) numa produção com tanta gente (e países) envolvida, as coisas podem sair um pouco do eixo.PS: na verdade nem conheço direito o trabalho da cantora, mas já ouvi falar dela.PS 2: aceitaria de bom grado uma visita ao meu blog…Bjos.