À primeira vista, nada de anormal se vê na vida de Earl Brooks, personagem brilhantemente vivido por Kevin Costner em “Instinto Secreto” (“Mr. Brooks”), longa-metragem que teve a sua estréia antecipada para o dia 14 de setembro. Isso porque a fita tem início justamente quando o executivo de sucesso e exemplar está recebendo uma homenagem, ao lado de sua esposa Emma (Marg Helgenberger), para quem pára o discurso e manda um doce beijo.
No entanto, no decorrer da narrativa, é possível entender que Mr. Brooks na verdade não é uma pessoa tão amável assim: ele esconde dos outros seu instinto insaciável de assassinar casais apaixonados (e não há qualquer explicação para tanto). Embora ele tenha ficado afastado do mundo do crime durante os dois últimos anos, quando freqüentou reuniões dos Alcoólicos Anônimos, não consegue conter a vontade de matar na saída do jantar de gala.
As ações do assassino são sempre acompanhadas por seu alter ego Marshall (William Hurt), que vai soprando as ações a Brooks, dando-lhe justificativas para apertar o gatilho e vai antecipando a ele e ao espectador as cenas correntes, de modo que todo o mistério vai sendo resolvido aos poucos, deixando quase nenhuma surpresa para o final.
Um detalhe em que ele desliza, porém, coloca em seu caminho o fotógrafo Smith (Dane Cook), que o flagrou no último assassinato e, embora não tenta extorqui-lo, faz uma exigência um tanto estranha. Mas é a detetive Tracy Atwood (Demi Moore) quem mais lhe tirará o sono. Paralelamente à fuga de Brooks, sua filha Jane (Danielle Panabaker), que atualmente cursa a universidade longe dali, lhe trará problemas.
Kevin Costner constrói seu personagem de modo convincente, mostrando-se carinhoso, sedutor, bom pai e bom marido, mas ao mesmo tempo mostrar-se um assassino frio e calculista, muitas vezes bem-humorado em suas conversas com seu amigo imaginário. Outro detalhe é a oração que reza sempre quando está em dúvida e o tique que ele tem ao tirar e colocar os óculos o tempo todo, principalmente quando precisa tomar uma grande decisão: matar ou não matar?
A fotografia sempre escura e sombria (homenagem ao filme noir) mostra a crueldade do assassino, os momentos de suspense e tiros para todo lado. Nem a detetive escapa de histórias paralelas, já que ela vive um drama da separação de seu casamento, quando seu ex-marido exige um alto valor como indenização no divórcio.
Dirigido e co-roteirizado por Bruce A. Evans (“Kuffs: Um Tira por Acaso”), o thriller é envolvente e instiga o espectador a saber o que acontecerá ao final. E acredite: vale a pena acompanhar os 120 minutos da fita para descobrir.