Memória Cinematográfica

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Saneamento Básico, O Filme

Estreia Nacional tatianna 20 julho 2007

– Pai, o que é filme de ficção?
– É filme de monstro.

A partir desta frase a confusão está armada no longa-metragem “Saneamento Básico, O Filme”, que estréia dia 20 de julho. Escrito e dirigido por Jorge Furtado, o mesmo do ótimo “O Homem que Copiava”, o longa conta a história de uma comunidade de descendentes italianos que vivem no sul do País e se reúne para cobrar da subprefeitura as obras do esgoto.

Liderada por Marina (Fernanda Torres), uma moça que trabalha na marcenaria do pai, seu Otaviano (Paulo José), e é casada com Joaquim (Wagner Moura), a comunidade recebe a notícia da secretária Marcela (Janaína Kremer) de que a verba para a construção do esgoto não será liberada, mas eles poderiam gravar um vídeo e receber o prêmio de R$ 10 mil concedido pelo governo federal.

Um dos problemas é que eles não sabem nem o que é um filme de ficção e arranjam uma câmera emprestada de Fabrício (Bruno Garcia), marido de Silene (Camila Pitanga), irmã de Marina. Então, a turma vai criar uma narrativa que renda 10 minutos a partir de uma história imaginada por Joaquim e escrita por Marina. E como eles acham que ficção é filme de monstro, a história vai se chamar “O Monstro do Fosso”.

As passagens mais hilárias da fita são as que justamente citam o cinema, pois os personagens não têm a mínima noção do que estão fazendo. Como nunca ouviram falar de montagem, eles vão até Bento Gonçalves, uma cidade próxima à comunidade onde vivem, e conhecem Zico (Lázaro Ramos), especialista em gravar e editar fitas de casamento.

O personagem de Paulo José faz no vídeo o papel de um cientista maluco (lembra um pouco a figura de Albert Einstein) que explica o surgimento do monstro do fosso, personagem de Wagner Moura, que vai assustar a mocinha (Camila Pitanga).

O timming das piadas produzidas no longa poderia ser um pouco melhor, porque insiste em uma conversa que já passou, o público já riu, mas os atores na tela ainda persistem (por exemplo, a cena da pinguela). Os diálogos, no entanto, principalmente entre Fernanda Torres e Wagner Moura, são excelentes, de um timming ótimo e de morrer de rir.

Paulo José (muito bom também) contracena com Tonico Pereira, que faz o empreiteiro da obra. Os dois discutem o tempo todo e brigam tal como um bolonhês e um veneziano de verdade. Mas quando a saudade da Itália bate, eles se emocionam e se abraçam ao escutar a música da terra. A trilha sonora, aliás, contribui para o clima italiano, pois entre as canções estão “Dentro al cinema” (de Gianmaria Testa) e “Io che amo solo te” (de Sergio Endrigo).

O uso de metáforas é outro recurso usado e bem explorado, principalmente por intermédio de imagens da natureza e da mulher.”Saneamento Básico, O Filme”, mesmo com seus poucos problemas, faz o público se divertir e é uma das boas surpresas que o cinema nacional produziu e lança neste ano.

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