Memória Cinematográfica

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O Maior Amor do Mundo

Nacional tatianna 8 setembro 2006

Versátil. O ator José Wilker pode ser definido em uma única palavra. No último ano ele ficou conhecido como o bicheiro engraçadíssimo da novela “Senhora do Destino”. Desta vez ele chega ao cinema como um astrofísico brasileiro, que vive nos Estados Unidos, mas volta ao país para receber homenagens do presidente da República e também porque tem um tumor no cérebro e está prestes a morrer.

“O Maior Amor do Mundo”, filme escrito e dirigido por Carlos Diegues (“Deus é Brasileiro”, “Tieta do Agreste”), que estreou na quinta, dia 7 de setembro, conta a saga de Antônio, que vai a um asilo no Rio de Janeiro para conversar com o pai (Sérgio Britto, e Marco Ricca, quando jovem), um ex-maestro, e pedir uma última palavra antes de morrer.

“Você deveria ter conhecido a sua mãe”, diz. Na verdade, eles não estão falando da mãe adotiva, a cantora lírica Carolina (Deborah Evelyn), que já havia falecido. Trata-se da mãe biológica, Flora. A partir daí, ele começa a peregrinação no subúrbio fluminense, atrás daquela que seria a sua mãe de verdade.

Tudo o que ele sabia, era que tinha nascido na final da Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu no Maracanã por 2 a 1 para o Uruguai. Em todos os seus aniversários, foi lembrado pelo pai, da tragédia, do fato de estar todo mundo vendo o jogo no estádio, enquanto ele estava pedindo para nascer.

No meio do lixo, perdido e sem saber onde está, conhece a adolescente vivida por Anna Sophia Folch. O destino o faz conhecer Mosca (Sérgio Malheiros), um menino envolvido com o tráfico de drogas e à malandragem da periferia, com todos os problemas que isso pode envolver: não vai à escola, corre da polícia, trata com traficantes e vende (e consome) maconha e cocaína.

Quando pede para tomar um copo d’água, Mosca leva Antônio até a casa de sua avó, Mãe Santinha (Léa Garcia). Lá ele conhece a bela Luciana (Taís Araújo).

Os planos e contraplanos de Carlos Diegues são longos, com menos cortes, favorecendo cenas mais elaboradas e diálogos extensos. A movimentação da sua câmera também ajuda quando se faz um filme com seqüências externas tão freqüentes quanto este.

O personagem de José Wilker é um sujeito atormentado, cheio de manias (principalmente com a limpeza das mãos) e aficionado pelas estrelas do céu. Na única seqüência de sexo, que acontece entre ele e Taís Araújo, há cenas que se fundem e se misturam rapidamente. Sérgio Britto completa a boa interpretação, com o seu personagem displicente, de pouca conversa, cheio de tristeza.

Os personagens bem construídos e estruturados enriquecem o roteiro, mas não deixam o espectador confortável, principalmente nas cenas realizadas no meio do lixo, ou quando o bebê é parido no meio do mato, sem qualquer resquício de higiene ou auxílio médico.

O final surpreende, mostrando um pouco o lado sobrenatural, mas não chega a ser forçado. O cantor e compositor Chico Buarque é responsável pela canção “Sempre”, escrita para o filme. A música, que também está no disco “Carioca”, fecha o longa-metragem com os créditos.

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