Memória Cinematográfica

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Verdade Nua

tatianna 28 julho 2006

Cai a máscara da nata artística. A imagem de bonzinho, que se importa com os problemas sociais do mundo, que não os seus, já era. Nos anos 50, astros do showbiz americano são perseguidos e investigados para solucionar o assassinato (ou suicídio) de uma jovem camareira, estudante de jornalismo, que aparece morta dentro de uma banheira da suíte presidencial do hotel.

O mote do longa-metragem “Verdade Nua” (“Where the Truth Lies”), de Atom Egoyan (“Marcados pelo Ódio”) com estréia nesta sexta-feira, dia 28 de julho, é desvendar o mistério, quase 20 anos depois, do assassinato. Baseado no romance de Ropert Holmes, o longa conta a história dos artistas de televisão Vince Collins (Colin Firth) e Lanny Morris (Kevin Bacon), que estavam hospedados justamente na suíte onde a jovem fora encontrada.

A verdade é buscada pela ambiciosa jornalista Karen O’Connor (Alison Lohman), que conhece a dupla durante o Teleton, programa que tem o intuito de arrecadar dinheiro para doação a instituições carentes. Ela, que um dia teve poliomielite, fora curada e se livrou da paralisia infantil graças à ajuda deles.

No entanto, enquanto ela busca verdades, se envolve num romance com Lanny e a editora para a qual ela trabalha oferece US$ 1 milhão a Vince para publicação de um livro no qual ele conte o motivo da separação da dupla.

No entanto, consta do contrato que ele deve revelar também o ocorrido naquela suíte. Ela não sabia, porém, que Lanny também estava escrevendo o seu livro para contar o episódio. Neste meio tempo, ela recebe, aos poucos e de fonte misteriosa, capítulos desse drama escritos por Lanny.

Por trás do sucesso da dupla há uma sombria escuridão, que envolve sexo (homo e heterossexual, fantasias ménàge à trois), drogas (mas nada que seja injetável) e dinheiro. Para conseguir fazer as coisas acontecerem, os dois solicitam ajuda do mordomo de Lanny, Reuben (David Hayman).

O que o espectador vai perceber, no entanto, é que há muito mais escondido por trás de cada personalidade e até mesmo os personagens se revelarão misteriosos e descobrirão coisas de si mesmos que até então não poderia ser imaginado.

A trama, que se passa nos anos 50, mistura a iluminação para que as diferentes décadas possam ser distinguidas pelo público. Solução que deu certo, principalmente por conta das tonalidades das cores (a película inteira é colorida, mas usa a técnica de preto-e-branco).

A fita conta com narrações em primeira pessoa e flashbacks, cenas de nudez que podem chocar os mais puritanos. O sotaque britânico de Colin Firth demonstra como é o seu personagem, quase um lorde inglês; enquanto o papel de vagabundo e festeiro fica para o americano Kevin Bacon que, sem ofensas, se sente confortável trabalhando com entretenimento.

Durante os shows faz piadas, canta, movimenta o corpo em tom teatral. Mas só porque ele pode. E quem ganha é o espectador, que aprecia uma boa história contada por bons artistas. Assim é Hollywood, que às vezes acerta na escolha da produção (mesmo que esta tenha sido feita em conjunto com Canadá e Inglaterra).

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