Memória Cinematográfica

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Terra Fria

tatianna 24 fevereiro 2006

Hoje em dia, as mulheres têm os seus direitos garantidos pela lei. No entanto, nem sempre foi assim, como bem sabemos pela história. Trabalhar fora era coisa de homem. E depois que elas tiveram que ganhar a vida, ainda assim eram poucos os trabalhos ditos “de mulheres”.

As minas, por exemplo, eram exclusividade dos homens. Depois que elas começaram a conquistar o seu espaço, os machos não gostaram e partiram para o ataque. No novo longa-metragem “Terra Fria” (“North Country”), que estréia nesta sexta-feira, dia 24 de fevereiro, é possível perceber bem esta diferença.

A atriz Charlize Theron, que ganhou o Oscar por sua atuação em “Monster” e uma indicação este ano, vive Josey Aimes, uma moça do nordeste de Minnesota que teve o seu casamento fracassado (apanhava do marido) e precisa cuidar de seus dois filhos. Então, ela volta para a casa dos pais e começa a trabalhar em um salão de cabeleireiros.

Num determinado dia, ela reencontra a amiga Glory (Frances Mcdormand, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), que a incentiva a procurar emprego nas minas de ferro, onde ela mesma trabalha dirigindo caminhão.

No frio de rachar, com neve por todos os lados, Josey vai trabalhar na mina, mas não suporta o tratamento recebido por parte dos homens da empresa, uma vez que eles as tratam como objetos sexuais e o clima não é nada amistoso. Até o seu pai (Richard Jenkins), que também trabalha nas minas, desaprova o trabalho da filha.

Como tem um filho de cada pai, Josey não é respeitada naquela sociedade machista, que a insulta em pleno jogo de hóquei no qual o seu caçula joga. Mas é um ex-jogador e agora advogado, Bill White (Woody Harrelson), que a ajuda na luta em favor de seus direitos.

O drama é dirigido por Niki Caro (“Encantadora de Baleias”) e baseado em fatos reais publicados no livro “Class Action: The Landmark Case That Changed Sexual Harassment Law”, de Clara Bingham e Laura Leedy Gansler.

Com cenas comoventes, que fazem qualquer um pensar sobre as suas atitudes, o filme mostra Josey tentando, durante todos os seus dias de trabalho, lutar por seus direitos e ser respeitada por seus colegas, que inclui Bobby Sharp (Jeremy Renner), homem que, ao longo da fita, vai mostrando o seu caráter e como ele foi parar na vida de Josey.

Sempre de forma retroativa, o filme vai mostrando os fatos enquanto Josey está sentada no tribunal e sendo interrogada pela advogada de defesa da empresa para a qual trabalha. À medida que as perguntas vão se sucedendo, as cenas vão rodando e explicadno como tudo aconteceu.

A personagem Glory, a líder da turma e representante das mulheres no sindicato, faz uma mulher segura, que sabe o que quer e  conduz o tratamento que os homens devem receber no trabalho. Ela é exemplo para todas as outras mineiras, até que por motivo de doença é obrigada a se afastar do trabalho.

Também com personalidade forte está Josey, que apesar de tudo o que tem passado (a história vai revelar muito sobre o pai de seu filho mais velho), não desiste de lutar em favor de seus direitos e tenta ser sempre a mãe dedicada, que aplaude o filho,  mas dá as palmadas que ele precisa tomar quando perde o rumo.

Alguns personagens, porém, são bastante caricatos, como o filho revoltado, o pai que passa a aceitar o trabalho da filha e a ajuda na questão da ação, a amiga que a apóia e é doente, e o advogado que primeiro nega ajuda, mas volta atrás.

O longa conta a história do  primeiro processo dos Estados Unidos a ser movido por assédio sexual. A partir daí, o comportamento dos homens em todas as minas do mundo foi mudado.

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