Memória Cinematográfica

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Tudo Acontece em Elizabethtown

tatianna 2 novembro 2005

Logo no começo de “Tudo Acontece em Elizabethtown” (“Elizabethtown”), estréia desta sexta, dia 4 de novembro, o personagem principal, vivido por Orlando Bloom, explica a diferença entre fracasso e fiasco.

“Fracasso é a ausência de sucesso.” Já fiasco é o desastre em grandes proporções, como o que ele cometeu na empresa em que trabalha ao fazer o design de um tênis e perder US$ 972 milhões. “Quase um bilhão de dólares”, lembra Phil (Alec Baldwin), presidente da empresa.

Mas o longa-metragem, dirigido, escrito e produzido por Cameron Crowe (“Quase Famosos”) – ao lado dos produtores Tom Cruise e Paula Wagner –, não fala apenas de fracassos e fiascos. Na verdade esta é apenas uma introdução.

É porque ao saber que fora demitido, Drew Baylor (Bloom) doa as suas coisas e quer acabar com a própria vida. Então, a sua irmã lhe telefona para avisar que o seu pai falecera e precisa viajar até Elizabethtown, cidade do Kentucky, para preparar o enterro com o resto da família.

Durante o vôo, Drew conhece a comissária de bordo Claire (Kirsten Dunst), uma moça cheia de vida e que está sempre disponível a ajudá-lo e a ouvi-lo. Os dois passam boa parte do tempo ao telefone, já que Drew está triste, isolado em uma cidade desconhecida, com um monte de parente que ele não via desde quando era criança.

Sua mãe Hollie Baylor, vivida pela espetacular Susan Sarandon, resolve mudar as coisas em sua vida para que sobreviva à morte do marido. Ela começa a cozinhar sem parar, inicia aulas de sapateado e faz piadas da vida. Ela, na verdade, precisa aprender a rir.

Magistralmente, Hollie consegue unir a família do ex-marido, sapatear em homenagem ao finado e rir das coisas boas da vida. Emociona até.

Eis que Drew resolve cremar o corpo do pai e carrega as cinzas por onde quer que vá. Com ajuda de Claire, Drew segue rumo a sua cidade de carro, sempre acompanhando o mapa e ouvindo as músicas que ela mesma selecionou (a trilha sonora pop é um dos pontos altos do longa).

Ele segue de carro pela famosa Rota 66, passa por Memphis onde viveu Elvis Presley, e por outras tantas cidades norte-americanas, sempre carregando o vaso com as cinzas do pai.

Não dá para falar que o longa-metragem é um grande desafio do diretor, o melhor que ele já fez na vida. Mas Crowe explora os takes com sombras e prefere mostrar muitas cenas indiretamente, o que confere à obra mais simpatia e faz o espectador viajar junto com o personagem pelas estradas da América.

Bloom, que em maio deste ano viveu Balian, um jovem ferreiro francês no longa “Cruzada”, consegue transmitir a sensação de fracasso e também a busca pelo seu ideal, que é se aproximar da família e também de seu novo amor, Claire. Na verdade, ele encontra vida na moça, já que ele tinha perdido vontade de viver.

O que no começo parecia ser uma história de progressos e desafios, transforma-se em uma linda história de amor, cheia de momentos engraçados e que com certeza farão o espectador valorizar a própria vida e oferecer momentos de emoção.

O personagem faz questão de lembrar que passou boa parte do tempo enfiado em estudos e trabalhos, e se esqueceu das coisas boas que passaram por perto. No entanto, nunca é tarde para perceber isto.

 

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