Steven Spilberg dirige. Tom Hanks atua. O conjunto, que já trabalhou junto no filme “Prenda-me se for capaz”, resultou no novo longa-metragem do astro, “O Terminal”, que estréia nesta sexta, dia 10.
Hanks vive Viktor Navorski, um cidadão da Europa Oriental que parte para Nova York em uma missão que ficou devendo ao seu falecido pai. No entanto, quando ele chega ao Aeroporto Internacional John F. Kennedy percebe que seu país, Krakozia, sofreu um golpe e seu passaporte não tem mais validade. Agora, pertence a um lugar que teoricamente não existe.
Sendo assim, Viktor vive o drama de muitos imigrantes: obter autorização para entrar nos Estados Unidos, sem ao menos falar direito uma palavra em inglês. É quando passa a improvisar os seus dias e suas noites no saguão (e no sanitário) do terminal, aguardando o fim do conflito em sua terra.
O brilho de Tom Hanks não se apaga. O astro constrói seu personagem com minúcia e usa um sotaque que lembra russo-balcânico-báltico (Krakozia é um país imaginário da Europa oriental).
É com o passar dos dias, porém, que Viktor se adapta cada vez melhor à rotina do aeroporto. Se não tem dinheiro para comer, recolhe os carrinhos de malas e a máquina lhe cospe moedas; quando inventam um cargo para esta função, faz um pacto com o garçom de uma empresa que distribui refeições e tem as suas garantidas; se não tem onde dormir, improvisa uma cama, um quarto e ganha até um emprego. E depois uma companhia para jantar.
Foi nos olhos (ou melhor, no salto quebrado) da comissária de bordo Amelia Warrens (Catherine Zeta-Jones) que Viktor enche a sua vida de amor e de espera ansiosa a cada vôo que ela faz. Depois de juntar toda a coragem que ainda lhe resta, Viktor segue com a sua missão pelas ruas de Nova York.
“É um encontro maravilhoso que acontece entre esses dois personagens solitários e que acaba se transformando num relacionamento encantador”, comenta Zeta-Jones. “Não é uma paixão desvairada. Apesar de não falarem a mesma língua, eles têm muito em comum. É uma relação bastante adulta”, diz Tom Hanks.
Merhan Karini Nasseri vive há 17 anos no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e foi justamente a sua história que inspirou o roteiro de “O Terminal”.
Um dia, num controle de passaportes, lhe disseram que o Irã, sua terra natal, havia retirado sua nacionalidade e que, portanto, ele era apátrida: não podia voltar ao Irã nem entrar na França. Hoje ele poderia ter deixado o aeroporto, mas agora não quer mais.
Para reproduzir o cenário de um verdadeiro aeroporto, a missão ficou a cargo do desenhista Alex McDowell, que construiu um terminal de tamanho real com estrutura de aço, janelas de vidro, 18.300 metros quadrados de chão de granito, infra-estrutura elétrica de cabos de fibra ótica, quatro escadas rolantes, mais de 35 restaurantes, lanchonetes, cafés e sorveterias na praça de alimentação.
“Quase todo mundo que viaja de avião já ficou sentado em uma cadeira do aeroporto mais tempo do que no assento de seu vôo. Os aeroportos se tornaram pequenos microcosmos da sociedade. Creio que todos nós já nos sentimos um pouco como ele em algum momento de nossas vidas: essa pessoa deslocada em busca de uma vida”, define Spielberg.