Memória Cinematográfica

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Os 12 Trabalhos

Nacional tatianna 9 março 2007

Quem vive em São Paulo sabe o que os motoboys significam. Eles são uma mão-na-roda para quem precisa de entregas rápidas. Esses profissionais encurtam as distâncias da cidade grande, que também vive congestionada. Mas também, quem divide as avenidas com esses motoqueiros se lembra de que eles, geralmente, por conta da pressa, ocupam os corredores entre os carros, não permitindo que os automóveis troquem de faixa.

Além de alguns retrovisores quebrados como prejuízo. Pois bem, o longa-metragem “Os 12 Trabalhos”, dirigido por Ricardo Elias, (“De Passagem”), apresenta um pouco da vida desses profissionais e da loucura que é a vida deles.

Quem conta a história é Heracles (Sidney Santiago), um jovem de 18 anos que acaba de sair da Febem e consegue, com a ajuda do primo Jonas (Flávio Baueaqui), um trabalho na empresa de entregas rápidas. No primeiro dia, ele precisará encarar 12 tarefas.

O mito grego Heracles, ou Hércules para os romanos, tem uma história semelhante ao personagem central da película. Para ser perdoado – após matar a mulher e os filhos -, Heracles deve cumprir 12 trabalhos e, então, conquistar a imortalidade.

Esta história foi o ponto de partida para a construção da narrativa, que mostra jovens da periferia, que embora tenham talento para desenho, por exemplo, não possuem perspectiva para concretizar o sonho de ser artista.

De carona em sua moto, o espectador vai fazer um passeio por São Paulo, como a avenida Paulista, Juscelino Kubitscheck, a 23 de Maio, os pontos do Centro velho, o aeroporto. A câmera de Ricardo Elias faz o público participar de uma experiência única, como se cada um na platéia estivesse na garupa de Heracles.

E mostra ainda que durante estes trabalhos há preconceito por sua condição social, cor, e sua profissão. Todos esses problemas são tratados de forma humanista e apresenta as fragilidades da profissão, como os diversos acidentes aos quais os motoboys estão submetidos diarimanete (a estimativa é de que, em média, dois morrem por dia em São Paulo).

Com narração em off, principalmente pelo personagem central, que utiliza o recurso para contar a história do personagem que está sendo introduzido, o filme não pretende ser um documentário, mas, segundo o diretor, a idéia é mostrar a diversidade da capital paulista, os diferentes tipos de pessoas que moram por aqui, de onde elas vêm e o que pretendem na cidade grande.

Quando fala de perto com os motoboys, o longa mostra intimidade. Os diálogos são contextualizados com gírias, características obtidas a partir de um trabalho feito com profissionais da área antes da filmagem.

“Os 12 Trabalhos” é um filme que fala de perto sobre as dificuldades da cidade, mas mistura muitos sentimentos e situações. Porém, não se aprofunda em nenhum, como amor, amizade, companheirismo, além de preconceito e dificuldades. O longa venceu vários prêmios, como o Horizontes de Melhor Filme no 54º Festival Internacional de Cinema de San Sebastian, Melhor Filme Terceiro Prêmio Coral no 28º Festival Internacional do Cinema Novo Latino-Americano de Havana e Melhor Ator para Sidney Santiago, no Festival do Rio 2006.

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