Todos os seus atos são cronometrados por seu relógio de pulso. Desde a hora em que se levanta da cama, as várias vezes que escova os dentes por dia, os passos para chegar ao ponto de ônibus rumo ao escritório da Receita Federal, onde trabalha como fiscal, vive fazendo contas e é um às em matemática. Cada gesto é acompanhado por uma narradora, que presta atenção e informa ao espectador o que está acontecendo.
Estranho? Estranhíssimo. Mas é justamente assim que inicia o filme “Mais Estranho que a Ficção” (“Stranger than Fiction”), que estréia nesta sexta-feira, dia 12 de janeiro, nos cinemas.
Dirigido por Marc Forster, o mesmo do ótimo “Em Busca da Terra do Nunca”, o longa-metragem também conta a história de uma escritora, que está finalizando mais uma de suas famosas tragédias depois de um hiato de 10 anos sem publicar nada. Karen “Kay” Eiffel é vivida por Emma Thompson, que tenta viver as angústias de seu personagem no livro para dar um final.
Como não estava conseguindo terminar, o editor mandou uma assistente, Penny Escher (Queen Latifah), para ajudá-la a matar o seu personagem, já que em todos os seus livros alguém morre.
Porém, o mais esquisito de tudo é que o tal personagem, Harold Crick (Will Farrel, que concorre ao Globo de Ouro), sai da ficção e começa a perceber que os seus passos estão sendo narrados por uma voz que ele não sabe quem é. Então, ele pede ajuda ao professor de literatura Jules Hilbert (Dustin Hoffman, excelente!) para entender o que está acontecendo e descobrir quem é a autora do livro no qual faz parte.
No meio do caminho ele conhece a confeiteira Ana Pascal (Maggie Gyllenhaal) e ela pode ser a peça-chave para transformar a tragédia em uma comédia romântica.
A fita tem um ritmo regular e desperta algumas risadas do público, com seus personagens esquizofrênicos e uma história que instiga do começo ao fim.
Marc Forster se aproveita da sua experiência com histórias sobre escritores (seu último longa é sobre o criador de Peter Pan) e faz uma direção madura e envolvente. Tudo o que o bom cinema precisa para atrair o público e mostrar que é possível contar boas histórias.