O tema é batido. O menino de família rica é rebelde, anda de ônibus, enquanto o seu pai vai de Audi conversível e a mãe oferece chá às amigas e só se maquia com produtos franceses, mas pouco sabe sobre o mundo ou até mesmo a capital do Afeganistão. O segundo longa-metragem de Flávio Tambellini, “O Passageiro – Segredos de Adulto”, que estréia nesta sexta-feira, dia 12 de janeiro, conta justamente a história da família de Antônio (Bernardo Marinho), que dá aulas na escola enquanto estuda para o vestibular de Cinema.

O roteiro é baseado no livro homônimo de Cesário Mello Franco, que também assina o texto do filme. A narrativa fala sobre como a vida de Antônio mudou principalmente após a morte de seu pai Mauro, interpretada por Antônio Calloni, um banqueiro bem sucedido que acredita que tudo o dinheiro pode comprar, incluindo uma mansão em Angra dos Reis com cinco suítes.

Para o filho, um quarto de 50 metros quadrados e camarote no estádio para assistir ao clássico Fla Flu. Mas o filho não quer. Ele quer corrigir provas, sair com a galera, assistir ao teatro da escola, paquerar a amiga e confidente Cristina (Luiza Mariani), ou seja, fazer o que a sua idade pede.

No meio da confusão de fatos e perguntas, Antônio encontra pistas do acidente que matou o seu pai e conhece Carmen (Carolina Ferraz), uma fotógrafa misteriosa que pode ser a peça-chave para o quebra-cabeça, principalmente quando conversa com sua mãe (Giulia Gam) sobre o pai.

O diretor de “Bufo & Spalanzani” fica um tanto perdido na direção do longa. O roteiro frouxo não instiga o espectador a descobrir o que aconteceu com a vida de Mauro, tampouco desperta interesse quanto aos problemas adolescentes universais que o filme trata, como o relacionamento entre pais e filhos, uso e contato com drogas, paixões, a descoberta da sexualidade, a rebeldia por querer sempre saber mais do que os outros.

Se o título se refere ao fato de o rapaz não querer ter sido passageiro na própria vida, ou seja, fazer as coisas acontecerem ao invés de esperar que elas caiam do céu, bem, o tiro pode ter saído pela culatra. “O Passageiro – Segredos de Adulto” deixa a desejar no quesito roteiro e também na direção, pois não mostra nenhuma inovação, passam aos olhos do espectador apenas imagens montadas, frases feitas, situações batidas.

Um filme brasileiro para ser assistido com aqueles olhos de que o nosso país já fez e ainda pode fazer longas muito melhores.