Memória Cinematográfica

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O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias

Nacional tatianna 3 novembro 2006

Brasil. 1970. Ditadura Militar. Copa do Mundo. Junte todos esses elementos e acrescente à mistura uma criança de 12 anos deixada na casa do avô pelos pais para contar esta história. Grosso modo, é assim o longa-metragem “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburger (“Castelo Rá-Tim-Bum”), estréia desta sexta-feira, dia 3.

O longa, que foi escolhido pelo público do Festival do Rio 2006 como Melhor longa-metragem de ficção e ganhou o Prêmio de Melhor Longa-Metragem na 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é sutil, delicado, com um excelente roteiro e extremamente bem cuidado em cenas remontadas do passado.

Embora já tenha se falado muito no cinema sobre os Anos de Chumbo no Brasil, nesta película é a vez de se assistir a um enredo sob o ponto de vista de garoto que é deixado para trás por seus pais que fogem da polícia. O mote é o exílio e a criança precisa cuidar de si mesma e aguardar a volta dos pais ao mesmo tempo em que assiste às transformações típicas do início da adolescência.

Também há imagens de passeatas, confrontos com a polícia, estudantes que realizam manifestações em troca de um ideal. Essas cenas, no entanto, se justificam e o espectador vai logo perceber que tudo junto, em um mesmo longa, é poesia pura e muita sensibilidade.

Na trama, os pais de Mauro (Michel Joelsas, ótimo!), o judeu Daniel (Eduardo Moreira) e a católica Bia (Simone Spoladore), saem de Juiz de Fora, Minas Gerais, e deixam o menino na porta do prédio onde vive o avô paterno Mótel (Paulo Autran), no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

Quando se dirige ao apartamento do avô, Mauro não o encontra, mas é encontrado pelo vizinho, o também judeu Shlomo (Germano Haiut), que tira o garoto do corredor.

A partir daí entra em cena uma outra vizinha, a pequena e carismática Hanna (Daniela Piepszyk), que logo o convida para almoçar. Os dois jogam, junto com a turma do bairro, futebol, a sua grande paixão.

Ao mesmo tempo em que se diverte planejando e realizando boas jogadas também no futebol de botão (a mesa de jantar é o seu campo), Mauro aguarda ansiosamente a volta de seus pais das férias repentinas. A Copa do Mundo de 1970, enfim, começa, Pelé entra em campo e o longa de Cao Hamburger revive muitas das boas jogadas do ano em que o Brasil foi tricampeão mundial. Entre os jogos, a partida de estréia em que o Brasil ganhou da Tchecoslováquia por 4 x 1.

Nessas passagens, é possível notar que as imagens da televisão, assim como as locuções no rádio, são originais. Tanto cuidado que merece ser levado em conta, principalmente quando se fala em premiações. E, por que não sonhar com o tão desejado Oscar?

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