Depois de competir pelo prêmio de Melhor Filme na categoria Novos Diretores, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e perder para “Francisco Brennand”, de Mariana Brennand Fortes, “Cores” chega aos cinemas. Em preto e branco, o primeiro longa-metragem de Francisco Garcia conta a história de sua geração, como ele mesmo diz.
Na trama, que não traz diálogos durante os primeiros minutos (apenas a imagem de Lula na TV discursando com legendas em espanhol), três jovens que vivem em São Paulo procuram tomar um rumo na vida. A moça, que trabalha em uma loja de aquários, furta o caixa no final do dia; para a mãe, diz que estuda, mas nunca comprou um caderno.
Um dos rapazes, mesmo depois dos 30 anos, vive com a avó e furta a sua aposentadoria; e o terceiro, que está de aviso prévio na farmácia na qual trabalha como balconista, furta remédios das prateleiras.
Os jovens vivem as desilusões de morarem em uma grande metrópole, mas não acompanham o crescimento da cidade. Não porque não têm oportunidade, mas porque simplesmente não querem. Preferem viver os três juntos, cometendo pequenos delitos, ouvindo som alto e saindo com garotas. No caso da moça, ela conhece um comissário de voo (Guilherme Leme), que se apaixona por ela e traz presentes dos lugares para os quais viaja. Ele mesmo diz: “Estou te dando o direito de escolher um sonho: Nova York, Paris, Roma, Milão. Quer ir pra Milão, eu te levo!”
“Cores” traz o raio-x de jovens que não se levam a sério. Uma juventude que não tem ambição, mas subtrai dinheiro para comprar a cerveja e a maconha que consome. É no quintal da casa de um deles que eles passam a maior parte do tempo se drogando e falando mal de seus respectivos patrões.
“Cores” utiliza a fotografia preto e branco e faz um trocadilho com o nome que batiza a obra. Na tela, apresenta uma juventude desbotada, que não tem nada a dizer ao espectador. Para o cinema nacional, não acrescenta nada.