Memória Cinematográfica

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Amores Imaginários

Estreia Louis Garrel 18 novembro 2011

Com início que lembra um documentário, dados os depoimentos de personagens para as câmeras, “Amores Imaginários” (“Les Amours Imaginaires”) não mostra, logo no início, qual é a história que vai contar. Isso porque ele não tem, em momento nenhum, a pretensão de dar lições de moral ou fazer com que o espectador sinta-se pior ou melhor com as histórias que acompanha na tela. Ao contrário.

O longa mostra algo do tipo “a vida como ela é”, em um momento de descontração, entre amigos, mas sem deixar de lado que o amor pode acontecer a qualquer momento, seja no trânsito caótico da cidade ou até mesmo em reuniões na casa de amigos em comum.

E é assim que vai se desenvolver o sentimento de dois amigos inseparáveis por uma, digamos, terceira pessoa. Ele, Francis (Xavier Dolan, que também é o diretor, roteirista e produtor da fita), e ela, Marie (Monia Chokri) veem que o amor está perto quando conhecem Nicolas (Niels Schneider), um rapaz do tipo descolado e recém-chegado a Montreal. E, por seu jeito excêntrico, sedutor, intelectual, acaba sendo exatamente o que os dois sempre buscaram.

Como era de se esperar, os três começam a fazer tudo juntos, mas, mesmo que os dois amigos compartilhem do mesmo sentimento em relação ao rapaz, não expõem o pensam. E, nesta competição, vão disputar até o presente que vão comprar de aniversário, mesmo que esta disputa não seja explícita.

Dolan, em seu segundo longa-metragem (ele tem 22 anos atualmente), sendo que o primeiro, “Eu Matei Minha Mãe”, lançado em 2009 faturou diversos prêmios, brinca com a câmera intercalando o jogo de sedução com os depoimentos de outras personagens sobre os amores, como se estivessem conversando com outros amigos, ou seja, dividindo com a plateia as tensões e a espera do tão desejado e-mail.

Uma das personagens, aliás, dá este exemplo: quando acha que ELE mandou a mensagem, vê que é alarme falso, “é só a Amazon enviando mais uma propaganda”…

Um dos problemas aqui é que em momento nenhum essa mistura será esclarecida ao espectador, de modo que as histórias paralelas possam soar desnecessárias. No entanto, é uma maneira que o diretor encontrou de demonstrar que o amor não é “arrumadinho”.

Sobre o triângulo amoroso, a fita remete, por exemplo, ao “Canções de Amor”, de Christophe Honoré, que tem como protagonista o galã francês Louis Garrel – ainda que este não seja um musical. Garrel, aliás, faz uma pequena participação no filme de Dolan.

Falado em francês canadense, “Amores Imaginários” merece destaque para o figurino estilo retrô e que também tem assinatura do diretor. A trilha sonora conta com a canção “Bang, Bang” na versão italiana assinada por Dalida.

“Amores Imaginários” expressa os sentimentos contidos de todas as partes, e a busca do amor ideal, seja ele homo ou heterossexual. A fita não chega a prender totalmente a atenção do espectador, até porque como as histórias são rasas, não há um entrosamento maior entre a plateia e os atores na tela.

Ainda assim, é capaz que alguns se identifiquem com a história que está sendo contada e perceba que todos podem ter sorte (ou azar).Com première em Cannes em 2010, “Amores Imaginários” foi indicado nas categorias “Un Certain Regard Prize” e “Regards Juenes Prize”, sendo vencedor desta segunda. Neste ano, foi indicado ao César, o “Oscar francês”, na categoria de Filme Estrangeiro.

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