Memória Cinematográfica

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Assalto ao Banco Central

Estreia Nacional 21 julho 2011

Baseado em um dos maiores assaltos a banco do mundo, o longa-metragem “Assalto ao Banco Central” mostra como aconteceu o incidente, em agosto de 2005, no Banco Central do Brasil, em Fortaleza. A fita, que estreia nesta sexta-feira, 22 de ju­lho, apresenta toda a ope­ração em volta do crime que debitou R$ 164 milhões do banco sem dar um tiro nem disparar um alarme.

Ainda que seja uma obra de ficção, ou seja, não conta a história exatamente como aconteceu, o longa tenta mostrar como foi todo o planejamento, já que foi gasto muito dinheiro para a operação se concretizar. Para tanto, os bandidos alugaram uma casa perto do local e co­meçaram a cavar o túnel até chegar ao cofre do banco e, enfim, pegar o dinheiro que estava reservado para ser queimado. Na fachada da casa alugada, placa de empresa (fictícia) que comercializava grama sintética.

A fita vai mostrando a esca­vação, o quão profissional foi toda a operação, assim como foi bem feita a instalação do túnel, com ar-condicionado.

O longa mostra também desde a pessoa que pensou no pla­no, passando pela que o financiou, até as responsáveis por exe­cutar a operação. Entre os personagens, além do mandan­te, que tem o apelido de Barão (Mi­lhem Cortaz, de “Tropa de Elite”), há o Mineiro, vivido por Eriberto Leão (o Pedro, de “Insensato Coração”), que acaba de sair da prisão, quando já é envolvido na empreitada. Carla (Hermila Guedes) é a única mulher do bando e namorada de Barão.

Também fazem parte da trupe Doutor (Tonico Pereira), engenheiro e comunista, que embora não tenha ficha criminal tal como os outros, está ali para dar o suporte profissional que precisam para cavar o buraco. Em uma das passagens mais engraçadas da trama, ele diz que pretende fazer uma leve divisão de rendas, mas é encontrado tomando o vinho Romanée-Conti, em Paris!

Ao seu lado, estão Tatu (Gero Camilo), o especialista em túneis; Léo (Heitor Martinez), ex-policial expulso da corporação quando se envolveu com um esquema nada lícito; Devanildo (Vinicius de Oliveira), irmão de Carla, e que está lá porque precisa de um emprego mas, a princípio, não sabe o que estão fazendo lá, a não ser vendendo grama sintética, entre outros envolvidos.

Um dos diferenciais entre a trama e a realidade é que na opera­ção foram envolvidos mais de 40 pessoas, enquanto na ficção, são menos de 10, afinal de contas ficaria inviável transferir com fidelidade para a tela.

Do outro lado, ou seja, do lado da polícia, estão o delegado titular, Amorim (Lima Duarte), e sua assistente, Telma (Giulia Gam). Além de ter de desvendar o cri­me, os dois convivem com as di­ferenças de gerações dentro da corporação, é quando ele mostra que está acostumado à investigação nos modos antigos, já que prendeu bandidos famosos em São Paulo, como Sete Dedos, Promessinha, Bandido da Luz Vermelha. Enquanto ela se prende à tecnologia, à informática, aos estudos etc. Como ele mesmo diz em uma das passagens, está acostumado com pessoas, a entender o ser humano.

Ainda que as cenas se passem em Fortaleza, em nenhum momento é dito isso, a não ser duas sequências filmadas na Ponte Metálica e nas dunas, além do  mapa que indica a praia de Iracema. Mas a praia de Iracema, convenhamos, não é Ipanema.

Com roteiro de Renê Belmonte e direção de Marcos Paulo, em sua estreia no cinema, embora tenha mais de 40 anos de expe­riência em direção na televisão, “Assalto ao Banco Central” deixa a desejar quando não explora o fato que, por si só, é cinematográfico, e busca o humor para contrapor. Talvez esse toque engraçado tenha lá as suas vantagens, e tem, pois é capaz de suavizar o drama e fazer a plateia gargalhar. No entanto, falta um pouco do suspense e da dramaticidade propostos inicialmente.

O suspense, aliás, é imediatamente colocado de lado quando optam por contar a história de modo não-linear, ou seja, quando mostram ao mesmo tempo o depoimento dos envolvidos com as cenas acontecendo. Ainda que o espectador não saiba o que aconteceu na vida real, ele já fica sabendo o final da história antes mesmo de ela acontecer. Opção que tira o impacto da história e não surpreende.

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