Memória Cinematográfica

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Cinturão Vermelho – entrevista

Entrevista 20 junho 2008

Por conta do lançamento do longa-metragem “Cinturão Vermelho”, dirigido pelo norte-americano David Mamet, os atores Alice Braga e Rodrigo Santoro estiveram em São Paulo para divulgar a produção estrangeira. Em entrevista coletiva, os dois conversaram com os jornalistas sobre a participação no longa, no qual ela faz a esposa de um treinador de jiu-jítsu, e ele, seu irmão, é um apostador (leia a crítica). Simpáticos, os dois chegaram correndo porque tiveram problemas de atraso no vôo que saiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na terça-feira, dia 17 de junho.

Alice, que pôde ser vista no início do ano no filme “Eu Sou a Lenda”, ao lado de Will Smith, disse que recebeu o convite justamente enquanto filmava a fita. Já Rodrigo, que no ano passado participou da terceira temporada do seriado “Lost” e também do longa “300”, disse que seu agente recebeu o convite a partir do treinador de jiu-jítsu e consultor técnico do filme Renato Magno, que forneceu alguns nomes de atores brasileiros para integrar a produção.

“Conversamos e deu certo. Sou fã do David Mamet há muito tempo e tinha curiosidade em conhecê-lo. Quando fui fazer o teste, não estava definido qual personagem eu faria nem que seria brasileiro, porque o roteiro estava escrito para um estrangeiro. Fiz uma leitura com o diretor e com a diretora de elenco”, conta. E como havia brasileiros no set, Alice explica que o clima era muito bom. “David Mamet tinha fama de ser durão e severo no set, mas foi 100% ao contrário, porque ele foi doce, generoso, assim como o protagonista, que parece ser mais velho, mas tem 29 anos, está sempre relaxado, foi um clima muito bacana. Até porque os atores brasileiros trouxeram o calor para o set”, explica a moça, sempre sorridente.

E Rodrigo reintera: “O clima era muito descontraído. O diretor é simples, pé no chão.”

Embora Rodrigo Santoro faça o papel de um apostador de lutas e não lute, ele diz que conhece o esporte. “Jiu-jítsu é completo, tem a combinação de uma série de virtudes, é preciso exercitar a paciência, a convicção e o controle emocional. Jiu-jítsu é um jogo de xadrez. É fascinante”, conta ele que, antes das filmagens, fez laboratório em Las Vegas para entender o mundo das apostas. Já Alice Braga diz que participou de duas aulas para entender um pouco mais. “E depois saí correndo”, diverte-se.

Trabalho no exterior

Como não é a primeira vez que os dois atores trabalham no exterior, já possuem bagagem neste tipo de produção. A questão, agora, talvez seja o fato de sempre trabalharem como personagens latinos. “Cinco anos atrás, na primeira vez que tive contato com o mercado externo, era diferente. Hoje mudou, o mercado está aberto. No começo do ano, fiz uma comédia que o personagem deveria ser inglês, seria para alguém como o Hugh Grant fazer, ou seja, fiz uma coisa que estava escrita para outro. Os produtores estão procurando pessoas interessantes, que faça um bom papel. ‘Estrangeiros’ é uma categoria, e como temos sotaque, isso influencia. Não precisa ser latino”, comenta Rodrigo.

Por falar em trabalhos, Rodrigo terminou de filmar “The Post Grad Survival Guide”, de Vicky Jenson, e atualmente está filmando “I Love You Phillip Morris”, de Glenn Ficarra e John Requa. “Estou fazendo esses filmes, mas não posso falar muito deles nem dos projetos que tenho para o final do ano. Mas tem também um filme do José Henrique Fonseca, que vai falar do jogador de futebol Heleno, que fez sucesso em 1940”, comenta o ator. Entre os filmes que devem estrear neste ano, estão “Che”, de Steven Soderbergh, o filme argentino “Leonera”, de Pablo Trapero. Os dois, aliás, participaram do Festival de Cannes recentemente. “E claro, ‘Os Desafinados’, com muito orgulho, que vem em agosto”, sublinha Santoro sobre o filme de Walter Lima Jr.

Alice, que também esteve em Cannes com o “Ensaio Sobre a Cegueira”, produção internacional de Fernando Meirelles que estréia em setembro no Brasil, terminou de filmar “Crossing Over”, de Wayne Kramer. “Começo a filmar com o Marco Ricca em setembro, em Mato Grosso do Sul. O futuro a Deus pertence e eu quero trabalhar”, aponta. “O festival foi muito especial. O filme, assim com o livro, é muito particular, vai bater diferente para cada um. E o Fernando é muito visual, ele deixou aberto para o imaginário de cada um”, comenta sobre a produção e a participação no festival francês.

Ainda por conta das produções internacionais, Rodrigo não acredita que cairá no esquecimento (talvez tal como Sonia Braga, que se tivesse ficado no Brasil teria tido mais oportunidades). “Vou pelas experiências, não pelo efeito. Tive oportunidade de trabalhar lá fora, mas continuo trabalhando aqui. No ano passado filmei ‘Não Por Acaso’, este ano tem ‘Os Desafinados’, vou filmar o ‘Heleno’, e tem outras coisas que eu não posso falar”, comenta. Sobre participação em TV, ele diz que gostaria de fazer novela, mas se fosse uma participação pequena, porque ela é muito longa.

Ela também tem vontade de fazer TV. “TV é forte no nosso país e ensina o ator, porque ele grava muitas cenas por dia, cerca de 26, e no cinema são no máximo duas ou três, se estiver na correria. Além de ter uma conexão maior com o público. Teatro eu também gostaria, porque só fiz teatro amador na escola.” Rodrigo concorda: “Só fiz teatro uma vez e me incomoda o fato de fazer teatro correndo. Tenho até um projeto sem data com o Luis Fernando Carvalho, e vai sair na hora certa com certeza”.

Antes de finalizar, Rodrigo aproveitou para comentar a respeito de “Lost”. “Não tenho acompanhado, porque tenho feito uma coisa grudada na outra. Mas vou ver com certeza em DVD tudo, como fiz quando me chamaram para participar, porque me mandaram os DVDs das duas primeiras temporadas e eu fiz uma final de semana ‘Lost’.” Sobre a possibilidade de voltar para a série, ele deixou na dúvida. “Quem sabe? Talvez em flash-back, ou o homem-de-areia (risos), lá tudo pode acontecer…” A gente torce para que faça sucesso.

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