Eu não ligo de assistir ao mesmo filme mais de uma vez, principalmente se ele me interessa. Às vezes, claro, prefiro ver novidade, acrescentar filmes ao meu repertório e conhecer os lançamentos da semana que não tive tempo de ver em cabines (as sessões reservadas aos jornalistas). Ultimamente, porém, tenho assistido a muitos filmes duas vezes, seja no cinema ou em DVD.
Nesta semana revi, quase dez anos depois, o último filme que Stanley Kubrick fez antes de falecer: “De Olhos Bem Fechados”. Confesso que quando vi no cinema me atentei muito ao casal Tom Cruise e Nicole Kidman — e achei um horror ter de ver a Nicole nua logo na primeira cena. Hoje, quando vi, achei um filmaço, obra-prima do Kubrick.
No cinema, também revi alguns filmes recentes. Isso porque vi primeiro em cabine e depois acompanhei meu namorado no circuito comercial. O último a que assistimos juntos foi “Juno“. Vi o filme no início de janeiro, se não me engano, e no último final de semana lá fomos nós pro cinema. Eu continuo gostando da Ellen Page como a adolescente que engravida do namorado; e a Diablo mereceu o Oscar de Roteiro Adaptado.
Antes desse, revi “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet“. Na primeira vez, gostei do papel do Johnny Depp; mas da segunda, eu gostei mais ainda, porque não fiquei aflita com aquele sangue todo. Achei mais estilizado — e me conformei, porque meu namorado também se contorceu em algumas cenas e vi que não sou a única nojenta…
Mas a primeira vez que revi um filme por “culpa” dele foi “Meu Nome Não É Johnny“. Eu já tinha visto o filme e entrevistado o elenco um mês antes da estréia oficial e logo ele disse que queria ver. Como não sou boba nem nada, fiz o “sacrifício” de ver a obra do Mauro Lima de novo. A experiência de rever me faz ver outras coisas que não tinha visto da primeira, que a emoção não me permitiu. Na segunda vez, por curtição, é mais fácil ver certos detalhes.
Quando estivemos em Paris, assistimos a dois filmes juntos: um em inglês, com legendas em francês (“The Brave One”), e outro em francês (“99 Francs”). Nem preciso dizer que para a segunda sessão eu fui pra ver figuras, né? Se bem que em alguns momentos ele fez a tradução simultânea…
Não pense você, porém, que sou a única que vê filme repetido. Ele também revê para me acompanhar. O último foi o “O Gângster”. Neste dia, aliás, ele falou assim:
– Eu sei que você não gosta, mas hoje vou comer pipoca vendo o filme.
Acho que ele falou isso porque eu vivo reclamando de quem está comendo pipoca durante o filme e atrapalhando o som com o barulho do papel e da guloseima. Mas neste dia, como era sessão blockbuster no circuito, não hesitei:
– Calma, eu nunca disse que não gosto de pipoca. Eu gosto de pipoca. Não gosto de comer pipoca no cinema quando o filme é lento e silencioso. Mas esse deve ser tão barulhento, que ninguém perceberá o barulho da pipoca e do saquinho…
E lá fomos nós comer pipoca, tomar dois litros d’água e ver o filme barulhento do Ridley Scott.
Eu não conto o filme, quando estou revendo, mas às vezes chamo a atenção para ele prestar atenção em alguma cena, ou conto como ela foi filmada etc. Até que ele se comportou, só adiantou uma piadinha. Aquela do… ah, deixa pra lá!