Uma das bandas de maior expressão, principalmente nos anos 1980, a Legião Urbana é tema do longa-metragem “Somos Tão Jovens”. O foco, na verdade, é modo como ela começou. Diferentemente de “Cazuza”, longa sobre o cantor de mesmo nome, a nova produção não é sobre a pessoa famosa; mas sobre como a banda teve início. Aqui, o longa termina antes do fim.
Com direção de Antonio Carlos da Fontana e direção musical de Carlos Trilha (responsável por CDs solo de Renato Russo), o longa é contado de modo linear, desde quando o futuro líder da banda ainda se chamava Renato Manfredini Jr., até se tornar Renato Russo (em homenagem a Rousseau, como ele mesmo explica).
Primeiro, ele se juntou a colegas e formou o Aborto Elétrico, banda com influência do punk rock, tal como era comum naquela época. Os jovens se reuniam para escutar os LPs que vinham principalmente da Inglaterra. Outras inspirações para Renato Russo foram o modo de vida daqueles jovens e o tédio que viviam na capital federal. Por conta dos desentendimentos com os outros membros da banda, Renato Russo virou o Trovador Solitário, quando cantava sozinho as suas próprias composições. Muitas delas, aliás, foram eternizadas pela Legião anos depois, como “Faroeste Caboclo” e “Eduardo e Mônica”.
O longa também conta com as participações de outras bandas que tiveram importância na época, como Paralamas do Sucesso e Capital Inicial, que também se apresentavam em Brasília.
Um dos pontos altos da fita é a semelhança de Thiago Mendonça com o cantor. As interpretações dos atores, porém, soam um pouco forçadas, principalmente quando os personagens frisam frases das canções ou até mesmo na criação do nome final da banda. Uma das sequências memoráveis é quando ele se senta com a mãe, interpretada por Sandra Corveloni, e confessa sua preferência sexual – além de citar a música “Meninos e Meninas”.
Nicolau Villa-Lobos, filho de Dado, participa da fita fazendo o próprio pai. A homenagem a Renato (e o presente à plateia) é o clipe final. Imperdível.
Aos fãs, é puro deleite. As canções interpretadas ao vivo pela banda na tela grande são dos álbuns “Legião Urbana”, de 1985, “Dois”, de 1986, e “Que País É Este”, de 1987. E, se ao sair do cinema você sentir vontade de resgatar todos os CDs e LPs da banda que estavam há muito esquecidos, relaxe. Não será o único.