Memória Cinematográfica

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Contágio

Estreia Imax 28 outubro 2011

Prepare o álcool gel. Depois de ver “Contágio” (“Contagion”), longa-metragem de Steven Soderbergh (“Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento”), que estreia nesta sexta-feira, 28, inclusive em versão Imax, provavelmente você vai sair da sala do cinema e ir direto lavar as mãos e comprar um desses vidrinhos…

A fita já começa com uma revelação. No aeroporto, Beth Emhoff (Gwyneth Paltrow) conversa ao telefone sobre a noite maravilhosa que teve e está aguardando o voo para casa, na volta de uma viagem de negócios a Hong Kong. Na sequência, a legenda indica: Segundo dia, Hong Kong, e a população do país.

E aí um clipe vai mostrando outras cidades populosas, como Londres, Minneapolis, Tóquio, sempre com o mesmo perfil: locais cheios e alguém passando mal, tossindo, com febre. E daí, é como um efeito dominó: um caso vira quatro, depois 16, e centenas de milhares de pessoas em diversos cantos do mundo com os mesmo sintomas. A partir de então, começa a investigação de onde começou o vírus e como ele pode ser evitado.

É quando entram em cena os pesquisadores que tentam decifrar o problema, com investigações de trás pra frente. Vice-diretor do Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos, Cheever (Laurence Fishburne), tenta administrar a situação de pânico, mas precisa enviar a médica Erin Mears (Kate Winslet) para enfrentar o perigo. Da Organização Mundial de Saúde (OMS), Leonora Orantes (Marion Cotillard) trabalha com uma rede de conexões que pode levá-la à fonte do problema.

Aos poucos, a história de Beth vai sendo revelada (ela é casada com Mitch Emhoff, vivido por Matt Damon) e ao mesmo tempo como começou a pandemia que faz parte do lado misterioso do filme. Mesmo depois de terem desenvolvido a vacina, começa outro mistério e problema: quem vai recebê-la primeiro. E daí entra novamente outra denúncia com relação ao governo.

Ao mesmo tempo que “Contágio” parece uma loucura, que vai arrasando as populações, mostra uma reflexão muito lúcida quando compara, por exemplo, com a pandemia que aconteceu com a gripe suína (H1N1), deixando pessoas apavoradas e correndo atrás de vacinas. Em uma das passagens, uma personagem destaca: “Tentamos alertar da H1N1, mas deixamos as pessoas sãs, em pânico”. Comparam também com a Gripe Espanhola, que em 1918 dizimou 50 milhões de pessoas.

O papel vivido por Jude Law mostra também a luta de um ativista e jornalista que possui um blog e quer ir atrás das informações das autoridades para acalmar a população, além de fazer testes com um medicamento que está sendo restringindo pelos médicos. No entanto, ninguém lhe dá atenção. Ao contrário. Lhe tira o mérito por ter, por exemplo, centenas de milhares de acessos em seu blog na internet. E ainda debocha: “Blog é grafite com pontuação, não é escritor”.

O personagem de Law, aliás, remete a outro ativista, o cineasta Michael Moore quando fez, por exemplo, o documentário “SOS Saúde”, no qual denuncia o precário atendimento do país onde vive, e ressalta outros bem sucedidos.

Destaque para o figurino dos pesquisadores, que utilizam roupas como se fossem astronautas. Quando populações de cidades inteiras entram em quarentena, as imagens de ruas sujas, de pessoas saqueando os mercados, lembram cenas do filme de Fernando Meirelles, “Ensaio Sobre a Cegueira”.

Com roteiro original de Scott Z. Burns (“O Ultimato Bourne”), “Contágio” é um thriller alucinante, que viaja o mundo inteiro mostrando como as pessoas estão interligadas e o mundo, cada vez mais globalizado e menor, de modo que o que acontece na China, pode se refletir nos Estados Unidos, por exemplo, em questão de dias.

Ao mesmo tempo, a fita cansa o espectador, pois ele se vê obrigado a acompanhar cada detalhe da busca, as pessoas em pânico, até finalizar e chegar ao primeiro dia, quando, enfim, descobrem como tudo começou.

“Contágio” faz uma reflexão sobre a vulnerabilidade das pessoas, que podem adoecer com um simples aperto de mão. Mas também faz uma denúncia no que se refere à indústria farmacêutica, que parece não querer encontrar a cura de muitas doenças para continuar vendendo remédio, vacina e assim por diante.

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