Desde 1995, quando “Toy Story” foi lançado nos cinemas (o primeiro longa-metragem de animação feito totalmente por computador), notou-se uma mudança clara nas produções do gênero, principalmente porque até então só eram vistos filmes produzidos do modo tradicional, tal como fazia Walt Disney desde os anos 1930. Pois bem, quando o estúdio independente Pixar lançou seu primeiro filme em três dimensões, o público fiel dessas produções voltou para as salas de cinemas e continuou consumindo os produtos licenciados, além dos filmes em home vídeo.
Depois do longa sobre os brinquedos que ganham vida, muitos outros foram lançados, inclusive por outros estúdios, como DreamWorks, Blue Sky e pela própria Disney, a pioneira. Nesta sexta-feira, dia 3 de abril, chega aos cinemas mais uma produção da DreamWorks, o mesmo estúdio responsável pelo sucesso “Shrek”, que foi o primeiro longa-metragem de animação a ganhar um Oscar em sua categoria.
“Monstros vs Alienígenas” (“Monsters vs Aliens”) é o lançamento dirigido por Rob Letterman e Conrad Vernon, responsáveis, respectivamente, por “O Espanta Tubarões” e “Shrek 2”, ambos de 2004. Mais divertido que o próprio filme tridimensional, é o fato de algumas salas de cinemas disponibilizar a versão em 3-D e Imax, ou seja, com o uso daqueles olhos engraçados que dão a impressão que as imagens saem da tela. A primeira cena, aliás, já mostra o que vem pela frente e anima o espectador, quando um personagem entediado está jogando pingue-pongue e a imagem da bolinha parece que vai bater no público. Muito bom!
Outra observação importante a respeito do lançamento é que, à primeira vista, sabendo das provocações do estúdio à Pixar e aos estúdios Disney, é que se trata de uma revanche ao grande sucesso da Pixar, “Montros S.A.”, filme de 2001 dirigido por Pete Docter, sobre os monstros que são contratados para assustar as crianças, mas na verdade quem tem medo delas são eles.
“Monstros vs Alienígenas”, porém, é mais do que isso. Além de falar sobre esses seres bizarros, há a inclusão de personagens humanos na história, mostrando que a utilização da técnica está mais apurada, mais sensível e cada vez mais parecendo com o real.
Na trama, após ser atingida por um meteorito no dia de seu casamento, Susan Murphy (com voz da atriz Reese Witherspoon, na versão original) cresce até virar um gigante de quinze metros e meter medo em todo mundo, inclusive nos militares que a levam para uma instituição secreta do governo americano. Lá, ela recebe o nome de Ginórmica e é mantida presa com um grupo de monstros: Dr. Barata, Ph.D. (hugh laurie); o machão metade macaco, metade peixe Elo Perdido (Will Arnett); o gelatinoso e indestrutível de um olho só B.O.B. (Seth Rogen); e a larva de 106 metros Insetossauro, que se transforma em uma bela borboleta.
Mas é com a chegada do robô alienígena na Terra que ataca os Estados Unidos, que o presidente (Stephen Colbert) é convencido a recrutar a gangue de monstros para salvar o mundo. Um dos pontos altos da produção são as piadas e o bom humor do roteiro de autoria de Maya Forbes, Wally Wolodarsky, Rob Letterman, Jonathan Aibel e Glenn Berger, principalmente aquelas que serão compreendidas pelo público adulto ao entender a ligação da trilha sonora (como a música que o presidente toca), a alusão ao filme “ET – O Extraterrestre”, quando aparece a frase “ET GO Home”, entre outras sacadas. Neste caso, aliás, vale lembrar que um dos sócios da DreamWorks é Steven Spielberg, diretor do filme sobre o alienígena.
O longa ainda tira sarro da tecnologia, da impressão digital, além de mostrar que fazer uma bobagem, como explodir uma bomba nuclear, é tão simples quanto tirar o café espresso de uma máquina.
“Monstros vs Alienígenas” não é a melhor das produções em animação por computador, mas apresenta inovações tecnológicas, como o aprimoramento da técnica no desenvolvimento de pelos e cabelos dos bichos e dos humanos, piadas bem-humoradas e toda a diversão que só o 3-D pode garantir.
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Publicado também no CineNET