Piloto de aviões, empresário da aviação e do cinema. Howard Hughes é o tema escolhido pelo diretor Martin Scorsese (“Gangues de Nova York”) e por Hollywood para contar a história nas telas do cinema. “O Aviador” chega nesta sexta às salas de todo o país e tem a função de disputar 11 indicações ao Oscar, festa que acontece dia 27 de fevereiro, em Los Angeles.
A indústria do cinema tem apreciado bastante a maneira de transformar em filmes histórias de pessoas bem sucedidas no passado. “Ray”, longa-metragem que retrata a vida de Ray Charles, astro da música norte-americana, é um deles (e também está em busca de algumas indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme). No Globo de Ouro, premiação considerada o termômetro do Oscar, “O Aviador” levou o prêmio de Melhor Filme, Melhor Ator na categoria Drama (Leonardo DiCaprio) e Melhor Trilha Sonora (composta por Howard Shore).
O papel principal ficou a cargo de Leonardo DiCaprio e seu personagem vai crescendo no desenrolar da trama. Isso porque as primeiras partes do filme são bastante burocráticas, comentam sobre o épico produzido e dirigido por Hughes da I Guerra Mundial, o “Anjos do Inferno”. Mas é a partir deste filme que o então futuro dono da TWA se torna mundialmente conhecido. Em 1935, era o homem mais veloz do mundo, ao pilotar a 565 km/h. Para ele, viver era pura diversão, tudo era possível de se fazer e acontecer.
Colocava mãos à obra, contratava os melhores profissionais e seguia em frente. Não é à toa que teve a seus pés as mulheres mais lindas de Hollywood, como Ava Gardner (Kate Beckinsale) e Katharine Hepburn (Kate Blanchett). E a persistente briga com o presidente da Pan Am, Juan Trippe (Alec Baldwin), que pediu ao senador Owen Brewster (Alan Alda) que criasse uma lei para proibir que a TWA realizasse vôos para a Europa. As cenas dos vôos foram recriadas digitalmente, justamente para aparentar a Hollywood dos anos 1920, 1930 e 1940.
Depois do acidente do qual foi vítima, quando caiu com o avião em Beverly Hills (aliás, uma das melhores cenas), um dos males que lhe acometia e se acentuou ainda mais era o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), uma doença grave que atinge a muitas pessoas, fazendo-as escravas de suas manias. Em Hughes, por exemplo, a doença fazia com que ele acreditasse que as mãos transmitiam micróbios, e que os germes estavam em toda parte, por isso carregava no bolso da calça o seu próprio sabonete, para efetuar o ritual da lavagem das mãos (muitas cenas desse aspecto lembram o filme “Melhor Impossível”, com Jack Nicholson).
A doença o trancou em sua casa, deixando-o com a barba grande e os cabelos ensebados; ele urinava nas garrafas de leite – a sua única bebida (sempre pedia nos restaurantes que os garçons não abrissem o lacre). Além de lavar as mãos, Hughes repetia frases insistentemente, como a que ele finalizou: “The way of future, the way of future, the way of future”. Com três horas de duração, o filme é bom, mas não o melhor.
Comentários
Gostei bastante do filme, mas ele demora pra empolgar. No começo é bastante burocrático mesmo, mas depois o personagem de Leo DiCaprio cresce ele dá show de interpretação, principalmente do meio pro final, quando a doença já o domina. Não acredito, porém, que ele leve o prêmio de Melhor Ator. Em todo caso, a Academia adora contrariar os críticos e partir para o tradicional lobby das distribuidoras.