Vencedor de cinco prêmios César 2014, incluindo melhor filme e melhor ator, para Guillaume Gallienne (“Maria Antonieta“, o recente “Yves Saint Laurent“), também diretor e autor do roteiro, “Eu, Mamãe e os Meninos” (“Les Garçons et Guillaume, à Table!”) lembra a comédia brasileira de grande sucesso “Minha Mãe É Uma Peça”, na qual Paulo Gustavo interpreta a sua própria mãe. Os dois, aliás, viraram filmes depois de terem feito sucesso no teatro. Na França, o filme vendeu três milhões de ingressos.
No filme francês, Gallienne interpreta dois papéis: o da mãe e o do filho, ou seja, ele mesmo. E, lá pelas tantas, ambas produções homenageiam as respectivas mães.
As semelhanças entre os dois filmes terminam aqui, já que Gustavo faz comédia com as imitações da mãe e o francês faz um dramalhão intercalando cenas de teatro e do cinema. Vale lembrar que Gallienne é ator da Comédie Française, a mais importante instituição de artes cênicas naquele país.
Na trama, o rapaz, desde pequeno, acredita que não é um menino tal como os seus irmãos. Isso porque a mãe faz questão de tratá-lo diferente. Mais próxima de Guillaume, a mãe confidencia a ele suas preocupações, ele copia seus trejeitos, mas a mãe faz, conscientemente, diferença no tratamento. Talvez tenha a ver com a vontade de ela ter tido uma filha e só gerou meninos, mas isso é problema para ser discutido no divã, com psicólogos, e não vou entrar na seara alheia.
A mãe tem o hábito de separar o garoto dos demais filhos. Quando chama todo mundo para a refeição, chama à mesa os meninos e Guillaume, como se esse também não pudesse entrar no plural de “meninos”. É daí, aliás, que sai o nome original do filme: Les garçons et Guillaume, à table! (Em tradução e adaptação livre: “meninos e Guillaume, a comida está na mesa”).
Fazendo assim, a mãe faz o rapaz acreditar que ele, na verdade, tem porte de moça, se comporta como tal e, portanto, deveria amar homens. Mas, durante a vida escolar, ele vai para internatos em outros países, obrigado pelo pai.
O ator Guillaume Gallienne mostra versatilidade ao atuar e interpretar o homem e a mulher, se sente à vontade no papel, e o espectador, como consequência, se convence tanto do papel da mãe como do próprio garoto.
“Eu, Mamãe e os Meninos” fala não apenas de preconceito, mas também trata da responsabilidade que os pais têm na criação dos filhos. É preciso respeitar a natureza de cada um e não impor qualquer opção, seja ela homo ou heterossexual.
O longa-metragem, que passou pelo Festival Varilux de Cinema Francês que aconteceu este mês em 45 cidades brasileiras e está em pré-estreia nos cinemas de São Paulo. A estreia nas demais cidades do país e também na capital está apontada para quinta-feira, 1º de maio.